Dirigido por Esmir Filho e estrelado por Jesuíta Barbosa, o filme levou mais de 500 mil pessoas aos cinemas brasileiros
“Homem com H”, a cinebiografia de Ney Matogrosso, dirigida por Esmir Filho e protagonizada por Jesuíta Barbosa, já pode ser considerada um dos melhores filmes do ano: aclamado pela crítica e pelo público, o longa-metragem levou mais de 500 mil pessoas aos cinemas.
O filme acompanha a trajetória de Ney Matogrosso desde a infância até o início dos anos 1990, quando já era um artista consagrado e considerado um dos maiores nomes da história da música brasileira.
Pois bem, “Homem com H” já tem data para chegar à Netflix: o longa estreia na terça-feira (17/6) na plataforma de streaming e promete conquistar um público ainda maior.
Confira a crítica de “Homem com H”
“Homem com H” — filme retrata Ney Matogrosso como ele realmente é: genial e subversivo
Nos primeiros momentos do longa-metragem, acompanhamos os conflitos entre Ney e seu pai, Antônio (Rômulo Braga), que, com muita violência, quer que o filho se torne “macho”. Ao atingir a maioridade, Ney vai embora de casa e serve por dois anos no serviço militar.
O conflito paterno e a questão das outras masculinidades possíveis dão o tom do filme de Esmir Filho, que a todo momento contrapõe as duas personas de Ney: o cantor que subverte a ordem das sexualidades no palco e aquele que, fora dos palcos, é reservado e tranquilo.
Em entrevista exclusiva à revista Fórum, Ney Matogrosso revelou que, desta vez, não foi doloroso se ver interpretado, pois Esmir Filho e Jesuíta Barbosa compreenderam que o Ney dos palcos é um personagem; fora dos holofotes, a história é outra. O longa-metragem constrói isso com maestria.

Jesuíta Barbosa: uma interpretação impactante
Além do roteiro e da direção impressionantes, outro destaque do filme é a atuação de Jesuíta Barbosa, que podemos afirmar, sem medo, ser, até o momento, sua maior entrega como ator.
O trabalho corporal apresentado por Jesuíta Barbosa é algo impactante e raro de se ver no cinema… em determinados momentos, simplesmente esquecemos que estamos diante de um ator; Ney Matogrosso parece estar ali, na tela, mas é Jesuíta que reproduz nos mínimos detalhes a construção corporal de Ney ao longo de sua carreira.
Cazuza e Ney Matogrosso
Lançado em 2004, o filme “Cazuza” cometeu uma das maiores violências já vistas em obra cinematográfica: a história de Ney e Cazuza (Jullio Reis) foi simplesmente excluída do roteiro. Detalhe: o último show de Cazuza foi dirigido por Ney.
Dessa maneira, “Homem com H” faz justiça ao retratar a linda história de amor e amizade que Ney e Cazuza mantiveram até o final da vida do jovem poeta, vítima do HIV/Aids.
Aliás, a maneira como o roteiro aborda esse momento e o impacto disso na comunidade LGBT dos anos 1980 e início dos 90 é triste, mas também profundamente poética.
Ney Matogrosso: gênio e subversivo
“Homem com H” consegue sintetizar tudo aquilo que Ney Matogrosso significou para a música e a cultura brasileira ao longo da segunda metade do século XX, mas também nos mostra que, até hoje, o cantor permanece como potência, genialidade e subversão.
Além disso, o filme de Esmir Filho também coloca em cena que Ney Matogrosso é, sem dúvida, um dos grandes artistas da música mundial, que construiu uma forma de ser e fazer música que influenciou e continuará a influenciar gerações.
No entanto, “Homem com H também” mostra que a forma de cantar de Ney Matogrosso e sua subversão da masculinidade ainda são únicas, e é por isso que ele está no hall das genialidades da arte — e assim permanecerá.