De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, Brasil deve registrar 73.600 novos casos de câncer de mama neste ano
Outubro é o mês de conscientização sobre o câncer de mama, conhecido como Outubro Rosa. A campanha tem como objetivo alertar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, além de promover maior acesso aos serviços de saúde. Em 2024, o câncer de mama permanece como o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil, com uma estimativa de 73.600 novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No estado de São Paulo, a previsão é de 20.470 novos diagnósticos. Esses números trazem alerta e reforçam a relevância da conscientização e da prevenção da doença.
Em entrevista, a oncologista Solange Sanches, liderança do Centro de Referência em Tumores da Mama do A.C.Camargo Cancer Center, respondeu dúvidas frequentes sobre a doença:
A partir de que idade as mulheres devem começar a fazer exames de rotina?
As mulheres podem ser acometidas pelo câncer de mama em qualquer idade. Para o diagnóstico precoce, o rastreamento do câncer de mama, por meio da mamografia, é indicado a partir dos 40 anos. A medicina no Brasil vive um momento de identificar lesões pequenas, que não são encontradas em exame clínico. Para mulheres mais jovens, com histórico familiar de câncer, é importante consultar um especialista para avaliar a necessidade de exames específicos. Fazer rastreamento para diagnóstico precoce é muito importante.
O autoexame da mama é suficiente para detectar o câncer?
O autoexame é uma excelente técnica de autoconhecimento, muito importante para a mulher conhecer o próprio corpo. No entanto, ele não é suficiente para o diagnóstico do câncer de mama. É preciso realizar métodos de rastreamento como exames de imagem, que incluem mamografia, ultrassom e, eventualmente, ressonância. Esses procedimentos detectam lesões menores que não podem ser palpadas pela paciente. O autoexame não deve ser deixado de lado, mas ele não pode ser considerado o método do diagnóstico para câncer de mama.
Todo nódulo na mama é câncer?
Nem todo nódulo é câncer, mas todo nódulo deve ser avaliado por um médico. Exames como mamografia ou ultrassom podem ajudar a determinar se o nódulo é benigno ou maligno. Em alguns casos, imagens não conseguem classificar como cancerígeno ou não. Procedimentos como punção ou biópsia determinam o resultado definitivo da lesão. Saber se um nódulo é benigno ou maligno vai depender da velocidade de crescimento, alterações de imagens e todas essas características devem ser vistas rapidamente por um médico.
Quais são os principais fatores de risco para o câncer de mama?
Os principais fatores de risco incluem ser mulher. A gente não pode esquecer que homens também podem ter câncer de mama embora ocorra em uma proporção muito menor. Outros fatores como familiares de câncer – com ênfase no de mama – obesidade, consumo de álcool, uso de hormônios (pílulas anticoncepcionais) e fatores genéticos podem aumentar a predisposição à doença. O estilo de vida como, por exemplo, alimentação saudável e atividade física também ajudam a reduzir o risco.
O medo e o preconceito prejudicam a prevenção do câncer de mama?
Sim. O medo e a falta de informação podem atrasar o diagnóstico e prejudicar as chances de cura. O câncer, com o de mama, quando diagnosticado precocemente, tem altas taxas de cura. É importante combater o medo com informação e realizar exames preventivos.
Como funciona o tratamento do câncer de mama?
O câncer de mama tem pelo menos quatro subtipos diferentes. Para cada um deles, há um tratamento personalizado de acordo com as características da doença e do paciente. As formas de tratamento incluem cirurgia, radioterapia e, em alguns casos, quimioterapia. Novas terapias, como bloqueio hormonal e imunoterapia, também podem ser utilizadas no combate à doença.
Como o apoio emocional influencia a recuperação?
O apoio psicológico e emocional é fundamental para enfrentar qualquer tipo de câncer. Um bom estado emocional ajuda na recuperação e melhora a qualidade de vida durante o tratamento. É importante que o paciente participe ativamente das decisões sobre seu tratamento e que haja amparo de familiares e amigos.
O sistema de saúde do Brasil tem estrutura para atender pacientes com câncer?
O Brasil enfrenta uma grande disparidade no acesso ao tratamento de câncer de mama, especialmente no sistema público. A lei determina que o tratamento deve ser iniciado em até 60 dias após o diagnóstico, mas muitas pacientes enfrentam dificuldades nesse processo, como a realização de exames e biópsias, o que pode atrasar o início do tratamento. Há esforços para melhorar esse tempo, mas é essencial que a sociedade se mobilize e exija que essas diretrizes sejam cumpridas. No sistema privado, o acesso é geralmente mais rápido, embora ainda existam obstáculos. A chave para enfrentar essas dificuldades é a informação: quanto mais cedo o tratamento é iniciado, melhores são os resultados físicos e emocionais.