“Esse valor vem prejudicando o país e tem um viés extremamente ideológico”, observa João Luiz Fukunaga, responsável pelo maior fundo de pensões do Brasil e da América Latina, em entrevista a Juca Kfouri no programa Entre Vistas, da TVT
Para o presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), João Luiz Fukunaga, manter a taxa Selic em 13,75% ao ano é uma decisão “meramente política”, que não encontra respaldo “técnico”. De acordo com o responsável pelo maior fundo de pensões do Brasil e um dos maiores da América Latina, esse índice para os juros básicos da economia vem prejudicando o país. “E tem um viés extremamente ideológico”.
“Estamos vendo que essa autonomia tem trazido um debate ideológico perverso para aquilo que a gente tem potencial, seja porque ele cobrou muito o governo um arcabouço (fiscal). E o governo apresentou um arcabouço robusto, sério, técnico. Mesmo assim a taxa de juros permaneceu. Então realmente é um debate mais ideológico por parte do presidente do Banco Central do que de fato da economia brasileira”, observou Fukunaga, que está no cargo desde fevereiro.
A crítica foi feita durante sua participação nesta quinta-feira (11) no programa Entre Vistas, da TVT, comandado pelo jornalista Juca Kfouri. O presidente da Previ foi questionado também sobre a responsabilidade de administrar os recursos de 200 mil famílias depositados no fundo. Segundo ele, a gestão tem usado como estratégia de investimento a renda fixa. Mas a aposta não deixa de lado as críticas a essa “taxa de juros obscena que o país tem hoje”.
Papel da Previ
“É papel importante de um grande player de investimento que olha a renda variável, que tem ações, olhar pela saúde das empresas que nós participamos. E olhar a saúde das empresas é olhar o emprego digno dos trabalhadores, como esses trabalhadores estão nessas empresas e como a gente pode contribuir para essas empresas criarem mais empregos. Nós temos aqui na Previ o que a gente chama de ASGI, ambiental, social, governança e integridade. Então nós levamos essas práticas para as empresas que temos participações”, compartilhou Fukunaga. “A especulação e a renda fixa estão em alta, mas a gente sabe que a garantia do pleno emprego é o investimento em empresas, em uma política de infraestrutura, de voltar a criar empregos”, acrescentou.
Fukunaga é o primeiro sindicalista a chefiar o fundo, que gerencia a previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil, desde 2010, quando Sergio Rosa deixou o cargo. A nova gestão marca, porém, apenas uma mudança geracional. De acordo com o presidente, a Previ segue fazendo um trabalho “pactuando com o futuro”.
“A responsabilidade é grande, são quase R$ 300 bilhões que nós estamos administrando. Mas uma coisa que o diretor de administração da Previ, Márcio (de Souza), eleito pelos funcionários fala, é que a Previ é um pacto de gerações. Tivemos lá atrás pessoas que garantiram o futuro das pessoas que estavam entrando. E que confiaram na administração da Previ. Nós temos um corpo técnico muito preparado, sólido, que é associado da Previ também. Ou seja, eles estão zelando pelo próprio bem. Então a gente consegue fazer uma gestão pactuando um futuro”, destacou João Luiz Fukunaga.