Mercado de caminhões passa por desafios com a queda da produção, a falta de peças e a taxa básica de juros nas alturas
A Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, divulgou boletim sobre a necessidade de redução do programa de produção, afirmando que os juros muito altos é um dos motivos para a queda na demanda. De acordo com a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), a taxa de juros no mercado para aquisição de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro de 2022.
Por conta dessa situação, a Mercedes anunciou ainda férias coletivas parciais, semanas curtas de trabalho e indicou a necessidade de adoção de turno único de trabalho na fábrica de caminhões por um período de dois ou três meses.
No setor de caminhões, ainda há a antecipação das compras por conta do Euro 6.
Os trabalhadores e sindicalistas dizem que a situação foi agravada ainda mais pela falta de peças, pela antecipação das vendas em 2022 com o Euro 6, que é o conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel e, principalmente, em função da redução na produção de caminhões por falta de financiamentos, da queda no consumo e das altas nas taxas de juros em nosso país.
A projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), para a produção de pesados em 2023 está em 154 mil unidades, uma queda de 20,4% em relação a 2022, quando foram produzidos 194 mil veículos.
Taxa de juros
Com a taxa de juros mantida em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, medida criticada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os financiamentos ficam mais caros, o crédito mais difícil e os investimentos no país ficam travados.
De acordo com a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), a taxa de juros no mercado para aquisição de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro de 2022.
Em caminhões e ônibus, houve a redução da participação da linha de crédito BNDES Finame e o aumento dos financiamentos de mercado. Em 2016, o Finame era responsável por 62% entre as modalidades de pagamento. No 3º trimestre de 2022, 28%. Já os financiamentos saíram de 17%, em 2016, para 40% no período, segundo dados da Anef, com elaboração da Subseção do Dieese dos Metalúrgicos do ABC.