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Governo usará BB e Caixa contra ganância de bancos privados com juros no empréstimo consignado

Reprodução

10 de fevereiro de 2025

Alvo de tentativas de privatização desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso, os bancos públicos serão usados por Lula em sua principal função social: frear a ganância das instituições privadas, que impõem juros estratosféricos em empréstimos a trabalhadores.

A busca por crédito, especialmente o consignado – geralmente contratado sem avalista e com parcelas descontadas diretamente em folha de pagamento ou benefícios -, tem turbinado os lucros dos bancos privados.

Na última sexta-feira (7/2), o Bradesco anunciou um lucro de R$ 19,554 bilhões no ano de 2024, marcando um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. Somente em empréstimos, o banco somou R$ 981,692 bilhões em dezembro, crescendo 4,0% em relação ao trimestre anterior e 11,9% na comparação anual.

No entanto, Lula pretende forçar os bancos privados a baixarem os juros do empréstimo consignado colocando as duas instituições estatais com forte atuação nesse mercado.

Diferentemente do que havia sido por governos anteriores, Lula não pretende colocar um teto de juros a ser cobrado nesse tipo de crédito.

No entanto, o presidente e sua equipe econômica, liderada por Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, vão jogar os juros no piso máximo nos empréstimos consignados pelo BB e pela Caixa.

O objetivo é usar as instituições públicas para fazer aquilo que é pregado pelos neoliberais: alimentar a concorrência no setor para baixar os juros dos bancos privados.

A expectativa é elevar para R$ 120 bilhões os atuais R$ 40 bilhões que estão na carteira de crédito privado.

Esse tipo de empréstimo, fornecido pelos bancos privados especialmente a trabalhadores com carteira assinado, é usado principalmente para aquisição de bens duráveis, como automóveis, e serve para girar a economia – além de ser utilizado para pagamentos de dívidas.

A sanha dos bancos privados é tanta pela modalidade que o presidente do Santander, Mario Leão, estima que esse tipo de crédito possa atingir R$ 200 bilhões.

Lula, no entanto, pretende fortalecer a Caixa e o BB como players na disputa desse mercado.

Em reunião com presidentes das duas instituições públicas, o presidente afirmou que quer criar e estimular produtos para pequenos empreendedores, setor que mais contrata e onde gira a roda econômica.

Além disso, Lula pediu ao BNDES novas alternativas de crédito para compra de imóveis e investimentos em infraestrutura e no parque industrial brasileiro.

A ideia é fazer o dinheiro circular dentro do país, combatendo a especulação com os juros e a compra de moedas estrangeiras, especialmente o dólar.

“A hora que o dinheiro começa a circular na mão das pessoas, ninguém aqui vai comprar dólar nem depositar no exterior, vão comprar comida, roupa, material escolar e vão melhorar a vida da cidade de vocês”, disse Lula durante ato na Bahia na sexta-feira (7/2).

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