Meio Eduardo Cunha, meio Arthur Lira, Hugo Motta honra seus mestres. Sua marca é livrar super ricos de impostos e castigar os mais pobres
Um Congresso Inimigo do Povo consegue emendar, para pior, até a Lei de Murphy.
O princípio dessa lei é muito simples: se algo pode dar errado, vai dar errado. Podicrê, amizade.
A regra foi criada nos EUA pelo engenheiro Edward Murphy Jr. (1918-1990), mas se tornou famosa em 1977, quando o escritor Arthur Bloch lançou um livro de anedotas sobre a tal legislação. Virou best-seller no mundo inteiro.
Esta semana, o Congresso liderado por Hugo Motta (Republicanos) e Davi Alcolumbre (União Brasil) passou por cima do teorema de Tiririca (“pior que está não fica”) e superou Murphy em matéria de catástrofe anunciada.
Em sabotagem explícita ao governo Lula, o Congresso decidiu castigar os brasileiros mais pobres com o aumento da conta de luz.
Se algo pode dar errado, atingirá primeiro os mais lascados, diria o sr. Murphy, em miserável rima sobre os congressistas brasileiros.
Se podemos seguir esfolando apenas as classes populares com impostos, por que cobrar uma mixaria a mais dos super-ricos?
Moleque de recado dos banqueiros da Faria Lima, Hugo Motta deu um pito no ministro Haddad sobre a possibilidade de mexer no cofrinho dos bilionários.
Meio Eduardo Cunha, meio Arthur Lira, Motta segue honrando seus mestres. Meio obstrução de pauta, meio Orçamento Secreto, o presidente da Câmara fez opção preferencial pelo pior dos dois ídolos.
A única salvação no horizonte para a sua imagem está em uma sentença do doutor Ulysses Guimarães, ainda nos anos 1980: “Você só diz que esse Congresso é ruim porque ainda não viu o próximo”.