Apesar dos avanços significativos na luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAPN+, a homofobia, bifobia e transfobia ainda persistem em muitos locais de trabalho ao redor do mundo
Para se ter uma ideia, um levantamento realizado pelo LinkedIn, em 2022, revelou que quatro em cada dez pessoas LGBTQIAPN+ já enfrentaram discriminação em seu ambiente profissional.
O estudo também entrevistou pessoas heterossexuais, mostrando que 53% dos profissionais que compõem esse grupo já presenciaram ou ouviram falar de alguma situação discriminatória devido à orientação sexual ou identidade de gênero de colegas.
Entendendo os conceitos de homofobia, bifobia e transfobia
Quando falamos sobre preconceito contra pessoas LGBTQIAPN+, estamos nos referindo à discriminação e hostilidade direcionadas a indivíduos com base na sua orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero.
É importante lembrar que cada letra da sigla representa uma identidade específica: Lésbica, Gay, Bissexual, Transgênero, Queer, Intersexo, Assexual, Pansexual e Não-binário. Já o sinal de + indica a inclusão de outras identidades não explicitamente mencionadas.
O preconceito contra pessoas LGBTQIAPN+ pode se manifestar de diversas formas. Porém, há três expressões que são especialmente conhecidas:
Homofobia: é a aversão, ódio ou discriminação contra pessoas homossexuais, ou seja, aquelas que têm atração emocional, afetiva ou sexual por indivíduos do mesmo gênero.
Bifobia: é o preconceito contra pessoas bissexuais, que são aquelas que têm atração emocional, afetiva ou sexual por pessoas de mais de um gênero.
Transfobia: é a discriminação e o preconceito contra pessoas cuja identidade de gênero difere do sexo atribuído no nascimento, incluindo travestis, transexuais e transgêneros.
Aqui, vale destacar que o Brasil é um dos lugares com os maiores índices de homofobia e transfobia do mundo. Em 2023, por exemplo, o país registrou 257 mortes violentas de pessoas LGBTQIAPN+.
Entre as vítimas, 127 eram travestis e transgêneros, 118 eram gays, 9 lésbicas e 3 bissexuais.
Preconceito contra a comunidade LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho
As empresas são espelhos da sociedade em que estão inseridas. Em outras palavras, aquilo que somos em nossas vidas pessoais muitas vezes se desdobra para o ambiente corporativo.
Tendo como base os números apresentados acima, não é de se estranhar que o preconceito contra a comunidade LGBTQIAPN+ também encontre espaço para se manifestar nas organizações, ainda que de maneira velada.
A homofobia, a bifobia ou a transfobia podem ter muitas caras. No mercado de trabalho, especificamente, elas costumam se revelar das seguintes formas:
Discriminação durante processos de contratação
Ainda hoje, muitas pessoas candidatas são excluídas de oportunidades de emprego com base em sua orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero.
Inclusive, cerca de 80% das pessoas transexuais já se sentiram discriminadas em alguma etapa de seleção para um emprego formal, segundo dados da Agência AlmapBBDO e do Instituto On The Go.
Assédio e intimidação
Quando contratados, profissionais LGBTQIAPN+ ainda precisam lidar com a possibilidade de serem alvos de piadas ofensivas, comentários depreciativos ou até mesmo ameaças físicas no ambiente de trabalho.
Barreiras ao avanço na carreira
As pessoas LGBTQIAPN+ podem, ainda, enfrentar obstáculos adicionais ao tentar avançar em suas carreiras, como a recusa em receber promoções.
Com o tempo, isso pode resultar tanto em estagnação profissional quanto em desigualdade salarial dentro da empresa.
O que as empresas devem fazer para combater essas situações?
Antes de falarmos sobre o papel das empresas no combate à LGBTFobia, vale lembrar que a discriminação contra pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ é considerada crime no Brasil desde 2019 – seja ela praticada dentro ou fora do trabalho.
Esse é um motivo a mais para as organizações promoverem ambientes de trabalho seguros e livres de discriminação para todas as pessoas colaboradoras, independentemente de sua orientação sexual, identidade ou expressão de gênero.
Dito isso, vamos às estratégias que podem ser encabeçadas com este propósito:
Implementar políticas antidiscriminatórias
A implementação de políticas antidiscriminatórias claras e abrangentes é um dos primeiros passos no combate à homofobia.
Elas devem proibir explicitamente a discriminação com base na orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero, e estabelecer consequências para aqueles que violarem essas regras.
Oferecer treinamento sobre DE&I
Muitas pessoas ainda carregam consigo preconceitos inconscientes, que nada mais são do que atitudes, crenças ou estereótipos automáticos em relação a determinados grupos.
Para combatê-los, é importante que as empresas busquem formas de ampliar a conscientização e a compreensão da equipe sobre questões relacionadas à Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I).
Oferecer treinamento regular sobre o tema pode ser uma excelente forma de ajudar as pessoas colaboradoras a serem aliados eficazes da comunidade LGBTQIAPN+ e a contribuírem para a criação de um ambiente de trabalho mais acolhedor.
Criar um canal de denúncias
Dispor de um canal de denúncias seguro e confidencial é crucial para assegurar que as pessoas colaboradoras tenham a possibilidade de relatar casos de discriminação, assédio ou preconceito que testemunhem ou vivenciem.
É primordial que tais denúncias sejam tratadas com seriedade, respeito e total confidencialidade. Uma abordagem empática e acolhedora em relação à vítima também fará toda a diferença.
Recrutar com base em habilidades
Empresas comprometidas com a DE&I devem assegurar que seus processos de recrutamento sejam justos, transparentes e livres de preconceitos, valorizando a diversidade de experiências e perspectivas entre os candidatos.
Uma forma de fazer isso valer é recrutar com base exclusivamente em habilidades e qualificações profissionais, em vez de características pessoais como orientação sexual ou identidade de gênero.
Criar grupos de afinidade
Os grupos de afinidade podem desempenhar um papel importante na construção de uma cultura inclusiva. Afinal, eles oferecem um espaço seguro para que as pessoas colaboradoras LGBTQIAPN+ compartilhem suas experiências e desafios.
Além de fornecer suporte mútuo, esses grupos também podem servir como um local para discutir questões relevantes, promover iniciativas de inclusão na empresa e educar os colegas sobre as necessidades e perspectivas da comunidade LGBTQIAPN+.
Em paralelo, a participação ativa nos grupos de afinidade também pode promover um maior senso de pertencimento, contribuindo para um ambiente de trabalho mais coeso e harmonioso.
Ao adotar algumas das estratégias apresentadas até aqui, a organização tem a chance de não somente combater a homofobia, a bifobia e a transfobia internamente, como também de fortalecer sua reputação corporativa.
Afinal de contas, empresas que demonstram um compromisso genuíno com a igualdade e os direitos humanos ganham a confiança e o respeito de seus stakeholders, o que pode resultar em parcerias mais fortes e maior fidelidade dos clientes.
Denuncie de forma anônima
Denúncias sobre homofobia, bifobia ou transfobia em agências bancárias da Baixada Santista podem ser feitas diretamente aos dirigentes sindicais ou pelos canais de comunicação do Sindicato, de forma anônima: Fale conosco do site, Whatsapp, Instagram ou Facebook do Sindicato.
Para que a atuação do Sindicato nas lutas cotidianas por direitos e condições dignas de vida para bancárias e bancários fique cada vez mais forte, é fundamental que os trabalhadores bancários se sindicalizem e mobilizem seus colegas para se associarem ao Sindicato. Além de fortalecer as lutas, os sindicalizados também contam com vários benefícios como convênios, assistências jurídica, previdenciária e odontológica, entre outras vantagens. Acesse aqui a ficha de sindicalização.