Combater terceirização e demissões são desafios dos bancários e bancárias, junto com seu Sindicato
A comparação entre o primeiro bimestre de 2023 com o mesmo período deste ano confirma as denúncias dos sindicatos de grande redução de postos de trabalho no setor bancário privado e a terceirização da categoria com outras denominações, para corroer salários e direitos.
O crescimento verificado nos dois meses do ano se deve à convocação de aprovados em concurso do Banco do Brasil, com a política do governo Lula de realizar mais concursos e fortalecer os bancos públicos.
A Pesquisa do Emprego Bancário (PEB) referente ao primeiro bimestre de 2024, elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), aponta uma eliminação de 4.171 postos de trabalho bancário no acumulado dos últimos 12 meses.
Importância dos Bancos públicos
Na análise dos dados dos dois primeiros meses de 2024, verifica-se uma abertura de 1.074 postos de trabalho.
“O resultado positivo no bimestre é explicado por conta da convocação de aprovados em concurso do Banco do Brasil”, alertou o economista Gustavo Cavarzan, do Dieese.
“Basta ver que a ampliação de vagas no período está associada, particularmente, à criação de vagas de ‘escriturário’. Se desconsiderarmos esta movimentação extraordinária, o saldo seria de 543 postos de trabalho a menos neste período”, explica.
Menos bancários
O saldo do emprego no ramo financeiro revela que os bancos estão demitindo muitos bancários e contratando mais trabalhadores ‘não bancários’, que não possuem os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários.
O setor bancário puxou o número de vagas para baixo, nos últimos 12 meses. Foram criados 20,5 mil postos de trabalho no ramo financeiro, uma média de criação de 1,7 mil postos/mês, com destaque para as cooperativas de crédito e os securitários, que juntos criaram 16,3 mil postos de trabalho no período.
O saldo no primeiro bimestre de 2024, excluindo a categoria bancária, foi de 4.764 postos de trabalho, quase seis vezes mais do que no mesmo período de 2023, novamente com destaque para o crédito cooperativo (+1.949 vagas), que desta vez é acompanhado pelos planos de saúde (+1.062 vagas).
Por que Santander e Itaú terceirizam?
A terceirização irrestrita, permitida pela Reforma Trabalhista durante o governo Michel Temer, resultou em vários impactos negativos para os trabalhadores e o mercado de trabalho. Ela permite que as empresas contratem trabalhadores terceirizados para qualquer atividade, incluindo as atividades-fim. Isso leva à precarização das condições de trabalho, já que os terceirizados geralmente recebem salários mais baixos, têm menos benefícios e menor estabilidade no emprego.
De acordo com estudo do Dieese, trabalhadores terceirizados ganham, em média, 25% menos do que os empregados diretos – e no setor bancário chega a ser 70% menos –; têm jornadas maiores (trabalham em média 3 horas a mais por semana) e ficam menos tempo em cada emprego (em geral saem antes de completar três anos, enquanto a média de permanência do funcionário direto é de 5,8 anos).
Além disso, a terceirização em larga escala dificulta a organização sindical, pois os trabalhadores terceirizados muitas vezes estão espalhados por diferentes empresas e locais de trabalho, o que enfraquece a representação sindical e a capacidade dos trabalhadores de negociar melhores condições de trabalho e salários.