Iniciativa foi apresentada durante reunião entre Ministério das Mulheres e entidades de representação das bancárias e bancos sobre promoção da igualdade de gênero no setor bancário
A participação de mais meninas e mulheres em áreas exatas como ciência, tecnologia e matemática é uma necessidade contemporânea que precisa ser enfrentada para garantir a plena igualdade de gênero. A urgência da pauta foi ressaltada pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em reunião com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Na oportunidade, a Febraban apresentou iniciativas promovidas pela instituição em parceria com as entidades sindicais que refletem diretamente na equidade laboral. Outro destaque é a oferta de 3.100 bolsas em cursos na área de tecnologia da informação.
Os cursos oferecidos pela Febraban estão em consonância com o Programa Asas para o Futuro, do Ministério das Mulheres, que tem por objetivo ampliar a participação de mulheres jovens – preferencialmente negras e indígenas – em cursos de qualificação profissional e formação em áreas historicamente ocupadas por homens: tecnologia, energia, logística, entre outras. A ministra atribuiu os baixos salários das mulheres à falta de oportunidades para elas nestas áreas em que a remuneração é significativamente maior.
“Temos motivos diversos para entender a diferença salarial, as mulheres assumem na maioria dos casos o papel de cuidadora e o excesso de tarefas as impedem de acessar áreas com remunerações maiores como ciência, tecnologia e matemática. Precisamos colocar as mulheres neste universo para que elas ascendam salarialmente. Temos que dominar a área de tecnologia também para enfrentar os crimes cometidos contra nós nas redes sociais e as fake news”, avaliou a ministra.
A secretária-executiva, Maria Helena Guarezi, e a secretária Nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados, Rosane da Silva, também estiveram presentes no encontro. A secretária Rosane salientou o trabalho conjunto com algumas representantes bancárias no Grupo de Trabalho Interministerial de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens e destacou que o Programa Asa para o Futuro “é a garantia da qualificação de mulheres e meninas, especialmente as pretas, indígenas e historicamente vulnerabilizadas”.
A diretora-adjunta de Mídias Sociais da Febraban, Mona Dorf, pontuou algumas iniciativas da federação de valorização das mulheres. “Essas 3.100 bolsas são o início de algo maior e estamos em um momento de virada. Os cursos, além de darem um up grade na carreira, possibilitam que essa mulher também empreenda com o novo conhecimento, construindo um site, por exemplo”, ressaltou a diretora.
A secretária da Mulher Contraf, Fernanda Lopes, frisou que “os bancos têm dificuldade de encontrar profissionais nestas áreas e, por isso, a iniciativa de formar mulheres e meninas para atuarem dentro e fora dos bancos”.
Cursos
Ao todo serão oferecidas 3.100 bolsas de estudo gratuitas até 2026 para capacitar mulheres no setor de tecnologia. A iniciativa faz parte da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2024/2026, negociada entre as entidades de trabalhadores e dos empregadores que, entre outros temas, prevê a realização de ações para promoção e inclusão, como a equidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
Até agora a federação já disponibilizou os cursos PrograMaria; Análise de Dados: Meus Primeiros Passos em Python; Front-End: Minha Primeira Página Web; e Laboratória. Todos na área de tecnologia da informação.
O Laboratória e Programaria são resultados do trabalho do Grupo de Trabalho Interministerial de Igualdade Salarial e Laboral. As iniciativas foram construídas a partir das conversas iniciadas com os ministérios e setores envolvidos.
Programa Asas para o Futuro
O Programa Asas Para o Futuro, instituído por Portaria Conjunta, nº 1 de janeiro de 2025, é uma iniciativa do Ministério das Mulheres coordenada pela Secretaria Nacional de Autonomia Econômica (Senaec). Tem como objetivo ampliar a participação de mulheres jovens, preferencialmente negras e indígenas, de 15 a 29 anos em situação de pobreza, em setores estratégicos do desenvolvimento econômico. A iniciativa foca na qualificação profissional e na formação sociopolítica, garantindo oportunidades em áreas historicamente marcadas pela baixa representatividade feminina, como tecnologia, energia, infraestrutura, logística, transportes, ciência e inovação.