“Terapia de choque” do presidente argentino fez o país acumular uma contração de 3,4% neste ano
O Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) da Argentina divulgou nesta quarta-feira (18) que o Produto Interno Bruto (PIB) do país vizinho caiu 1,7% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Com isso, a chamada terapia de choque do presidente argentino fez o país acumular uma contração de 3,4% neste ano.
No mesmo período, houve queda no consumo privado de 9,8%, nos investimentos de 29,4% e as importações diminuíram 22,5%. O saldo positivo se limitou ao avanço das exportações, 31,4%.
A inflação argentina ficou em 4,2% em agosto, uma alta de 0,2 ponto em comparação com julho, de 4%. O acumulado da inflação nos últimos 12 meses no país é de 236,7%.
No domingo (15), Milei compareceu ao Congresso para apresentar o projeto de orçamento do seu governo para o próximo ano. Na mensagem, prometeu medidas mais duras denominadas de “escudo fiscal” contra as mudanças macroeconômicas.
“Depois de anos em que a classe política viveu algemando as liberdades individuais, hoje viemos aqui para colocar uma algema ao Estado. Este projeto orçamentário que hoje apresentamos aqui tem uma metodologia que protege o equilíbrio fiscal independentemente do cenário econômico”, discursou.
De acordo com a BBC na Argentina, as medidas de Milei tiveram consequências muito graves para muitos argentinos.
Em particular, o freio à obra pública causou um colapso da construção, que caiu 32% no primeiro trimestre do ano, de acordo com o Indec. O índice de produção industrial recuou 15,4% no mesmo período.
“O colapso foi ainda pior do que durante a pandemia de coronavírus, com quedas que não se viam desde a crise de 2001/2, até agora a pior da história da Argentina”, diz o veículo.
Somado a isso, mais de 25.000 demissões no Estado, Milei já alertou que mandará embora outros 50.000 funcionários, em um país onde o trabalho público virou, nos últimos anos, o principal motor do emprego.
A BBC diz ainda que a redução de subsídios à energia e ao transporte bateu diretamente no bolso dos argentinos.
“Mas isso não foi tudo. Uma grande parte do ajuste se deu através do que os economistas chamam de ‘liquidificação de gastos’. É algo que acontece quando há alta inflação, que vai ‘comendo’ o valor do dinheiro. Se, por exemplo, você tem um salário determinado e este permanece o mesmo ao longo do tempo, cada mês de inflação irá reduzir o quanto se pode comprar com esse dinheiro”, diz o veículo.