Plano do governo de Emmanuel Macron é elevar a idade mínima de 62 para 64 anos e atingir equilíbrio do sistema até 2027, ao invés de taxar os super-ricos
A França enfrenta hoje um dia de greves em protesto contra a reforma da previdência proposta pelo governo de Emmanuel Macron, que prevê entre outras mudanças o aumento da idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos. Os oito principais sindicatos do país e cinco movimentos juvenis convocaram uma passeata e greve para esta quinta-feira (19). Transportes, escolas e fornecimento de energia já foram afetados, informa a imprensa local.
Segundo o Ministério do Trabalho, adiar a idade de aposentadoria em dois anos e estender o período de pagamento renderia algo como 17,7 bilhões de euros adicionais (US$ 19,1 bilhões) em contribuições anuais para as pensões, permitindo que o sistema chegasse ao ponto de equilíbrio até 2027.
Os sindicatos e políticos de oposição, no entanto, argumentam que outras medias podem ser adotadas sem mexer diretamente no sistema previdenciário, como taxar os super-ricos ou aumentar as contribuições dos empregadores ou dos aposentados mais abastados.
Mais de 200 manifestações são esperadas em toda a França nesta quinta-feira, incluindo uma grande em Paris envolvendo todos os sindicatos. O governo mobilizou mais de 10 mil policiais e gendarmes para acompanhar as manifestações. Só em Paris, há cerca de 3.500 agentes nas ruas. Os sindicatos calculam que devem mobilizar um milhão e meio de pessoas, incluindo centenas de coletes amarelos, o movimento que bloqueou a França em 2017.
Segundo o jornal espanhol El Mundo, no aeroporto parisiense de Orly, dois em cada 10 voos devem ser cancelados devido à greve dos controladores. Refinarias e postos de gasolina também estão convocados para greve de 24 horas. indicou o sindicato CGT, as refinarias da Total Energies estão com adesão entre 70% a 100% ao movimento. Na educação, o sindicato Snuipp-FSU previu que 70% dos professores primários entrarão em greve.
Esta é a segunda vez que Macron enfrenta protestos contra mudanças no sistema de pensões desde que assumiu o poder, em 2017. Se plano de universalização do sistema foi combatido com protestos entre o final de 2019 e o começo de 2020 e finalmente abandonado por conta da pandemia.