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Trabalhadores rebatem Tarcísio: Interesse ideológico é vender São Paulo para favorecer bilionários

Fernando Frazão/Agência Brasil

3 de outubro de 2023

Governador de São Paulo classificou o movimento grevista como “ilegal e abusivo” e movida por “interesses políticos e ideológicos” de sindicatos. Trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp reivindicam, contudo, o cancelamento de todos os processos de privatização e terceirização das estatais

Os trabalhadores do Metrô rebateram o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chamou de “político, ilegal e abusivo” o movimento grevista em defesa do transporte e do saneamento público no estado. “Interesses políticos e ideológicos, senhor governador, é querer vender São Paulo para atender aos interesses de bilionários que querem lucrar com o transporte público enquanto a população sofre com o caos diário das linhas privatizadas e da falta de investimento no metrô estatal”, disse a presidenta do sindicato dos metroviários Camila Lisboa.

A liderança usou as redes sociais na manhã desta terça-feira (3) em resposta a Tarcísio, que mais cedo acusou o movimento unificado dos trabalhadores contra a privatização do Metrô, CPTM e Sabesp, que estaria sendo “movido por interesses ideológicos de sindicatos”. Em nota, o governador bolsonarista utilizou uma velha estratégia, a de tentar jogar a população contra os trabalhadores em defesa do patrimônio público na mira da privatização.

“É lamentável que a população de São Paulo acorde mais uma vez refém de sindicatos que manobram os trabalhadores do transporte público estritamente por interesses políticos e ideológicos. Uma greve ilegal e abusiva, na qual nem mesmo a decisão da Justiça é respeitada e que tem como real objetivo promover o caos e atrapalhar a vida de quem realmente quer trabalhar por nosso Estado”, escreveu Tarcísio em sua conta no X, ex-Twitter. ´

Movimento unificado histórico contra ameaça de Tarcísio

Em sua resposta, a liderança dos metroviários fez referência às concessões das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, da CPTM. Sob a gestão privada, as duas linhas apresentaram o triplo de falhas daquelas geridas pelas estatais: foram 16 episódios, incluindo graves descarrilamentos, apenas neste ano.

De acordo com os trabalhadores da greve unificada, Tarcísio mente ao dizer que privatização vai melhorar os serviços ou baratear as tarifas. “O governador Tarcísio governa na base da mentira. E a nossa luta contra as privatizações é para a gente desmontar as mentiras que o governador tem propagado. Porque não é verdade que a privatização dessas empresas vai garantir mais eficiência”, denuncia Lisboa.

Andamento da greve

No momento, pelo menos nove linhas do Metrô e da CPTM estão paralisadas. Em um balanço sobre a greve conjunta, o secretário geral do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Múcio Alexandre, destacou que o movimento tem sido exitoso. No caso dos trabalhadores do transporte sobre trilhos, as entidades da categoria chegaram a propor ao governador a substituição da greve por uma dia de catracas livres.

O objetivo era permitir com que os passageiros viajassem sem cobrança de passagem e ao mesmo tempo protestar contra o plano de privatização da CPTM e do Metrô. No entanto, o governo recorreu da decisão e a Justiça acatou o pedido, alegando “alto risco de tumultos e possíveis acidentes nas estações”.

Ainda nesta terça, os trabalhadores da Sabesp vão realizar ato público em frente à Estação Elevatória de Esgotos (EEE) Ponte Pequena – a primeira do estado –, na zona norte da capital paulista. Os funcionários das estatais irão se reunir ainda hoje, às 18h, para organizar a greve conjunta.

Paralisação na Sabesp

Os trabalhadores da Sabesp também destacam que a paralisação não é um movimento corporativo para defender os interesses das categorias envolvidas. Mas para garantir os direitos da população paulista. A paralisação dos trabalhadores não deve afetar o abastecimento da população, conforme destacou à RBA o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema), José Antonio Faggian. Ao decidirem pela greve, os profissionais se organizaram para garantir o atendimento emergencial a escolas e hospitais para evitar a interrupção do serviço em caso de acidentes, por exemplo.

“A gente sabe que quem usa e precisa desses serviços são os filhos da classe trabalhadora”, afirmou. “Quando a gente fala de água e saneamento, estamos falando de um direito humano garantido pela ONU. Mais do que isso, a gente está falando da saúde da população. Um serviço dessa natureza, quando coloca o lucro em primeiro plano, é um risco muito grande. A experiência mundial demonstra que onde o serviço de saneamento é privatizado, a tarifa aumenta e a qualidade do serviço piora, trazendo prejuízos para a população”, alerta.

Os trabalhadores também exigem a realização de um plebiscito oficial para consultar a população do estado sobre a privatização dessas três empresas. Antes da paralisação, as categorias pediram ao governador Tarcísio de Freitas uma audiência para discutir o tema, mas o encontro até hoje não foi marcado.

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