Aplicativo de mensagens se junta a outras empresas de tecnologia e ataca o governo e o Projeto de Lei contra Fake News
Usuários brasileiros do Telegram receberam nesta terça-feira (9) uma mensagem com ataques da empresa que administra o aplicativo ao Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News e ao Governo Federal. A mensagem usa informações distorcidas para tentar convencer os usuários a pressionarem parlamentares a votarem contra a medida, que já teve votação adiada em meio a pressão de outras empresas de tecnologia.
Muitos usuários brasileiros relataram terem recebido a mensagem, que foi enviada por meio de um canal oficial da empresa chamado “Telegram Brasil”. Geralmente, o mesmo canal é usado para repassar informações banais sobre atualizações do aplicativo ou novos serviços.
Além de dizer que a democracia “está sob ataque no Brasil”, o aplicativo afirmou que o “projeto de lei matará a internet moderna se for aprovado com a redação atual”. Além disso, afirmou, de maneira parcial e equivocada, que o PL “concede poderes de censura ao Governo”. Um dos alvos diretos do ataque foi o ministro da Justiça, Flávio Dino, que criticou o aplicativo por não ter agido contra grupos antissemitas.
Críticas do Governo
Paulo Pimenta, Ministro no comando da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) criticou o Telegram, dizendo que a empresa mente e está infringindo as leis brasileiras.
“Empresa estrangeira nenhuma é maior que a soberania do nosso país”, afirmou Pimenta, que prometeu a adoção de medidas legais.
Também da Secom, João Caldeira, que é secretário de Políticas Digitais do órgão, classificou a iniciativa do Telegram de “ação abusa do poder econômico e explora a confiança do usuário para defesa de interesses corporativos próprios”.
O Ministério Público Federal pediu que o Telegram explique suas ações
O Telegram não foi a primeira das grandes empresas de tecnologia – que lucram com a visibilidade de conteúdos mentirosos que viralizam – a atacar o PL. No começo do mês, o Google havia publicado em sua página inicial uma mensagem contra a proposta.
O Ministério da Justiça determinou que o Google deixasse claro que a mensagem era uma propaganda, além de publicar no mesmo espaço outra mensagem em favor do PL, sob pena de multa de R$ 1 milhão por hora em caso de descumprimento.
O Google apagou a postagem.