Movimento sindical apresenta dados alarmantes e exige propostas concretas para melhorar as condições de trabalho no setor bancário
A saúde e as condições de trabalho dos bancários e bancárias estarão em pauta nesta sexta-feira (25), a partir das 10h, na Mesa de Saúde entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), que integra o Comando, terá papel ativo nas discussões, reforçando denúncias e cobrando soluções urgentes para o crescente adoecimento da categoria.
“A Mesa de Saúde é um espaço de diálogo fundamental no processo de negociação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Nesta reunião, em especial, vamos cobrar da Fenaban propostas concretas para garantir condições dignas de trabalho e enfrentar o adoecimento que tem atingido os bancários de forma alarmante”, afirma Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf.
Os dados comprovam a gravidade do cenário. Embora representem apenas 0,8% do emprego formal no Brasil, os bancários concentram uma parcela expressiva dos afastamentos por doenças relacionadas ao trabalho, especialmente quando se trata de transtornos mentais.
Segundo informações da plataforma Smartlab, com base em registros do INSS, somente em 2024 foram registrados 168,7 mil afastamentos acidentários no país. Destes, 2,81% ocorreram na categoria bancária. Já os afastamentos previdenciários somaram quase 2,2 milhões, sendo 1,12% de bancários — o equivalente a 24.079 ocorrências.
Mais do que os números absolutos, chama atenção o tipo de adoecimento que afasta esses profissionais: as doenças mentais e comportamentais já são a principal causa de afastamento entre bancários. Em 2024, elas representaram:
- 55,9% dos afastamentos acidentários na categoria;
- 51,8% do total de afastamentos previdenciários.
A situação é ainda mais crítica entre os bancos múltiplos com carteira comercial, que ocupam:
- A 1ª posição entre os afastamentos acidentários por saúde mental, com 1.946 registros;
- E a 5ª colocação entre os afastamentos previdenciários pelo mesmo motivo, com 8.345 ocorrências.
Outros setores financeiros também aparecem entre os mais afetados. Os bancos comerciais e a Caixa Econômica figuram na 6ª e 7ª posições, respectivamente, em afastamentos acidentários por transtornos mentais, com 269 e 253 casos.
Vale ressaltar que este cenário marca uma mudança significativa em relação a 2012, quando os afastamentos entre bancários eram motivados majoritariamente por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo, que somavam 48,9% naquele ano.
O movimento sindical reafirma a necessidade de mudanças estruturais. “O adoecimento mental é uma realidade de anos. A forma de gestão dos bancos esmaga os colegas e isso precisa mudar radicalmente. Os bancos precisam assumir a responsabilidade sobre o impacto nos trabalhadores. Vamos seguir pressionando e mostrando o quanto se tornou nocivo à saúde trabalhar em banco, que só vê o lucro acima da vida”, ressalta Elcio Quinta, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.