Prevenção em primeiro lugar: representação de trabalhadores quer imediata suspensão do uso de papeis térmicos com produto químico utilizados em terminais eletrônicos
O Sindicato, representado pelo Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) debateram nessa quarta-feira (8) os riscos de contaminação por bisfenol A (BPA) e bisfenol S (BPS), componentes de papéis térmicos utilizados em impressoras e terminais eletrônicos.
Os possíveis riscos ocupacionais relacionados a exposição aos químicos sobre a saúde dos trabalhadores foram levantados pela primeira vez em mesa de negociação no dia 25 de setembro, durante o encontro sobre Evolução da Atividade Econômico-financeira.
Segundo os dirigentes sindicais, existe um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional que proíbe a fabricação e a importação de papéis térmicos que contenham o BPA e o BPS em concentrações iguais ou superiores a 0,02% de seu peso. O Projeto de Lei 2844/24, aprovado em junho pela Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara dos Deputados. Para que passe a valer, a proposta ainda precisa ser aprovada por outras comissões na Câmara, além da apreciação do Senado.
Estudos
Segundo estudo publicado em 2014 pelo The Journal of the American Medical Association (Jama), que investigou a contaminação pelo manuseio de papeis térmicos, produzidos com o bisfenol A (BPA), demonstra que somente após duas horas manuseando os papéis térmicos, sem a utilização de luvas, o BPA foi identificado na urina de todos (100%) os voluntários.
Antes de começar a experiência, 83% dos participantes já apresentavam bisfenol A na urina, em concentração média de 1,8 μg/L. Depois dos testes, sem luvas, além de haver o registro de bisfenol na urina de todos os participantes, a concentração média subiu cinco vezes mais (5,8 μg/L).
A representação da Fenaban destacou que, atualmente, os cinco maiores bancos trabalham com bobinas a base de bisfenol S (BPS) e não a base do bisfenol A (BPA).
Desde 2020, a União Europeia proibiu o uso de papéis produzidos com BPA em países do bloco, que passaram a substituir o químico pelo BPS. Entretanto, esse segundo componente não está livre de preocupação, o que fez com que a Suíça se tornasse o primeiro país a proibir, no mundo, tanto o BPA quanto o BPS na fabricação de papéis térmicos.
Aqui no Brasil, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal Fluminense (UFF), em 2023, indicou que o BPS pode ser tão prejudicial quanto o BPA, especialmente para o coração. “Nós observamos que a combinação da obesidade com a exposição ao BPS intensifica a hipertrofia e a fibrose cardíaca, condições que podem evoluir para doenças cardiovasculares graves, como insuficiência cardíaca”, explicou a doutora Beatriz Alexandre-Santos, autora do estudo.
Proposta para novo estudo
Ao final do encontro, a representação da Fenaban solicitou ao movimento Sindical os estudos que foram apresentados e sugeriu incluir outros entes no desenvolvimento de pesquisas sobre os impactos do BPS na saúde dos bancários e bancárias.
Os sindicalistas sugerem envolver médicos, pesquisadores, ministérios, Fiocruz e a Fundacentro. Com a troca de papel urgente.
O bisfenol é utilizado não apenas na fabricação de papéis térmicos, mas também em plásticos e resinas que revestem embalagens metálicas de alimentos. Em altas concentrações, pode interferir nos hormônios, por isso é associado a problemas de saúde como distúrbios reprodutivos, cardíacos, obesidade, mudanças no desenvolvimento infantil e variedades de cânceres.
Desde 2012, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe no Brasil a fabricação e importação de mamadeiras produzidas com bisfenol A.