Bancários brasileiros não têm os mesmos direitos dos espanhóis, sofrem assédio, estão sendo terceirizados e contraindo doenças psicológicas. Para o movimento sindical o Santander chama a polícia para jogar bomba de gás, baterem com cassetetes e dispersarem as mobilizações em defesa da categoria!
Os sindicatos da categoria bancária, através da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), denunciaram o Santander, em audiência com o Ministério Público do Trabalho (MPT), ocorrida na última quinta-feira (3), por práticas antissindicais.
“O banco está cometendo prática antissindical ao abrir empresas com CNPJs distintos para retirar bancários da categoria e enquadrá-los como trabalhadores de outros setores”, disse a presidenta da Contraf e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira.
“De 2020 pra cá, 17.964 bancários foram enquadrados como sendo de outras categorias. Com isso, eles deixam de ter diversos direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária, e o banco enfraquece a organização dos trabalhadores”, completou a dirigente sindical.
O valor da CCT
A categoria bancária é a única do país a possuir uma Convenção Coletiva de Trabalho válida em todo território nacional. Graças às negociações coletivas, as bancárias e bancários possuem 85% mais direitos trabalhistas do que os previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Violência contra bancários
Na campanha salarial deste ano, em São Paulo, o Santander acionou a Polícia Militar, que agrediu fisicamente funcionários e dirigentes sindicais, inclusive mulheres, durante uma manifestação pacífica da categoria por direitos e melhores condições de trabalho e contra as terceirizações.
“O Santander tornou-se o pior banco para se trabalhar. Os funcionários sofrem assédios diariamente por metas, muitos estão contraindo doenças psicológicas, outros pedindo demissão por não aguentarem a pressão no ambiente de trabalho e, nos últimos anos, milhares estão sendo terceirizados por outras empresas do grupo espanhol sem os direitos da categoria bancária. Além disso, o banco não estende os mesmos direitos dos bancários espanhóis aqui no Brasil, apesar de lucrarem muito no país graças a competência do trabalhador brasileiro”, ressalta Fabiano Couto, secretário de comunicação do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e bancário do Santander.
Os sindicatos reivindicaram diversas vezes a o direito de representação sindical destes empregados das empresas terceirizadas do grupo espanhol, mas o banco se recusa a reenquadrar estes trabalhadores, mesmo eles exercendo as mesmas atividades bancárias que já exerciam anteriormente.
Fugindo do debate
O Santander alegou que não teria condições de dar continuidade a sua participação no MPT nesta quinta-feira, por haver outros compromissos. O MPT se comprometeu em agendar uma nova audiência e comunicar a nova data ao movimento sindical e ao Santander.