Movimento sindical propõe medidas para melhorar a aplicação de cláusulas de combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho, conquistadas pela categoria na última CCT
O Comando Nacional das Bancárias e dos Bancários se reuniu, nesta quarta-feira (26), na capital paulista, com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) em mais uma rodada da “Negociação nacional sobre assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho bancário”.
O objetivo do encontro foi avaliar a evolução das medidas tomadas pelos bancos relacionadas as cláusulas de combate a qualquer tipo de violência no ambiente de trabalho, conquistadas na renovação mais recente da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.
Essas medidas determinavam aos bancos:
– A disponibilidade de canais para denúncias e para o acolhimento humanizado, com garantia de proteção e sigilo às vítimas e aos denunciantes;
– Campanhas internas e externas de repúdio ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no ambiente laboral;
– Disponibilizar aos empregados orientações sobre as atitudes que podem ser tomadas diante desses tipos de violência.
Em fevereiro, quando ocorreu a primeira mesa de negociação sobre o tema, a Fenaban informou que um levantamento feito com 42 bancos e que representam 97,8% da categoria, ou 409.317 funcionários e funcionárias, mostrava que, em 2024:
– 100% das empresas já tinham canais de denúncia e acolhimento;
– 85% haviam produzido materiais para informar e orientar os trabalhadores; e
– 89% as declarações de repúdio contra esses tipos de violência.
Em novo levantamento, apresentado hoje, a entidade que representa os bancos destacou que:
– 88% haviam produzido matérias para informar o orientar os trabalhadores contra assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho; e
– 95% as declarações de repúdio.
Resposta sobre melhora dos canais de denúncias
Os trabalhadores também haviam exigido redução do prazo de resolução dos casos de violência, hoje de 45 dias corridos, podendo ser prorrogados por igual período, levando muitos casos a terem um tempo de resolução de até 90 dias.
Sobre esse ponto, a Fenaban destacou que aumentou o percentual de casos resolvidos dentro de 45 dias. Enquanto, nas denúncias recebidas em 2024, 68,9% foram resolvidas em até 45 dias, no primeiro semestre deste ano 78,3% foram solucionados neste prazo.
SIPAT
Outra reivindicação do Comando Nacional era a garantia de participação de representantes do movimento sindical na Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT). Segundo a Fenaban, 100% das empresas aderiram a essa exigência
Gestão ética da tecnologia
No debate sobre a importância de os bancos incluírem como violência a pressão por metas e resultados, o Comando Nacional reforçou a necessidade de incluir o “assédio por algoritmos”, ou seja, a prática da utilização de sistemas de monitoramento, cobrança e pressão sobre o trabalhador por meio de ferramentas digitais.
Ficou acordado, entre ambas as partes, a realização de uma mesa, na segunda-feira, 1º de dezembro, com o tema “Gestão ética da tecnologia”, onde a questão será aprofundada.
Na data também será discutida os limites do uso da Inteligência Artificial (IA) no setor bancário; e sobre a substituição dos papéis térmicos a base de bisfenol, usados em impressoras dos bancos.
Movimento sindical
Foi reforçado pelos sindicatos a importância sobre o sigilo dos canais de denúncias às vítimas de assédios.
Segundo a pesquisa (KPMG), levada pela Contraf, 30% das pessoas pesquisadas relataram sofrer algum tipo de assédio em 2024. Destes assédios, 41% ocorreram no local de trabalho. Porém, 92% dos pesquisados não denunciaram.
Lembrando que o Sindicato dos Bancários de Santos e Região possui canais para os bancários realizarem denúncias de qualquer violência que estejam sofrendo.
Também foi solicitado pelos sindicalistas a inclusão na mesa de negociação: da violência e pressão por resultados e metas, como forma de assédio no trabalho bancário.