Comissão de Direitos Humanos realiza audiência pública nesta quinta-feira (26)
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal realiza nesta quinta-feira (26) audiência pública para tratar das condições de trabalho insalubres nos bancos e os altos índices de adoecimento da categoria bancária. O debate é resultado de solicitação do movimento sindical bancário.
Além dos sindicatos, participam o Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho, Ministério da Previdência Social (INSS), Ministério da Saúde, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
“Os bancários tem um nível de adoecimento muito elevado, principalmente relacionados aos psicológicos segundo levantamentos de institutos de saúde pública. Dentro daquele ambiente acarpetado, com sistema de refrigeração, mobília bem cuidada e quadros os trabalhadores vivem sob pressão, ameaças e assédio por metas inatingíveis e lucros incessantes”, relata Eneida koury, dirigente sindical do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e bancária do BB.
Categoria bancária dobrou adoecimento
Apesar de representar 1% do emprego formal no Brasil, a categoria bancária representa 24% dos afastamentos acidentários (B91) por doenças mentais e comportamentais no país. Em 2012, esse percentual era de 12%.
Nos últimos 5 anos o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%, ou seja, entre os bancários a variação foi 1,7 vezes maior do que na média dos outros setores.
Nos afastamentos Acidentários (B91) as doenças mentais e comportamentais saíram de 30% em 2012 para 55% em 2021 e as doenças nervosas saíram de 9% para 16%. De 1996 a 2005 ocorreram um suicídio a cada vinte dias entre os bancários. Em muitas situações nos próprios locais de trabalho. Os suicídios nos locais de trabalho são reveladores de profunda degradação da vida e da solidariedade, fato que não pode ser banalizado.
Para agravar a situação, quando os trabalhadores necessitam do acesso à Previdência Social para tratamento, são maltratados. O INSS cria inúmeros empecilhos para o acesso aos direitos.
“Precisamos mudar a leitura dos órgãos como INSS e o acesso à Previdência Social, que nos últimos tempos colocou os trabalhadores como inimigos e não protegeram os cidadãos colocando uma infinidade de barreiras para serem atendidos e terem atendimento digno, principalmente na perícia médica, que foi utilizada para cortar benefícios”, explica Élcio Quinta, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.