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Santander planeja demitir 20% dos funcionários no Brasil durante a pandemia de Covid

9 de junho de 2020

Banco pode cortar 9,4 mil funcionários apesar de ter se comprometido a não realizar cortes durante a crise

O Santander Brasil começou a demitir funcionários em um processo que pode cortar 20% do quadro de trabalhadores do banco.

 

As demissões ocorrem durante a pandemia do novo coronavírus mesmo após o banco ter assinado um compromisso público de que não demitiria enquanto perdurasse a crise.

 

Em nota, o Santander afirmou que o compromisso de não demissão de funcionários tinha validade de 60 dias, prazo que venceu no final de maio.

 

O Santander Brasil começou a demitir funcionários em um processo que pode cortar 20% do quadro de trabalhadores do banco.

 

As demissões ocorrem durante a pandemia do novo coronavírus mesmo após o banco ter assinado um compromisso público de que não demitiria enquanto perdurasse a crise.

 

Em nota, o Santander afirmou que o compromisso de não demissão de funcionários tinha validade de 60 dias, prazo que venceu no final de maio.

 

Segundo executivos do banco afirmaram à Folha, as justificativas para os desligamentos seriam relacionadas à performance dos funcionários, que estaria aquém do esperado pelo banco.

 

Durante a crise, o presidente do banco, Sergio rial, se queixou da queda de produtividade e também pressionou funcionários a deixar o home office, mesmo com os casos de Covid-19 ainda em expansão. O Santander, que se enquadra na categoria de trabalho essencial do governo, havia afirmado que desde o início da quarentena manteve 20% dos funcionários em funções administrativas na sede, em São Paulo.

 

Um dos executivos afirmou que, por mais que o desempenho do funcionário fosse o argumento usado para a demissão, o banco já fez cortes no quadro de trabalhadores nos últimos anos e, agora, “sobra pouca gente pra demitir por performance”.

 

A entidade que representa os bancários em São Paulo afirma que pelo menos 15 demissões já foram registradas na sexta-feira (5).

 

“Em 23 de março o Santander assumiu um compromisso público de que não faria demissões durante o período mais crítico da pandemia. Já recebemos as primeiras denúncias de demissões sem justa causa na sede do banco e há relatos de desligamentos também na Aymoré, que pertence ao Santander”, afirma a dirigente sindical e funcionária do banco, Lucimara Malaquias.

 

Segundo Malaquias, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, outra justificativa dada pelos executivos para demissão de funcionários seria o ajuste no orçamento do banco.

 

O Santander registrou um aumento de 10,5% no lucro do primeiro trimestre deste ano ante igual período de 2019, para R$ 3,9 bilhões.

 

O aumento de risco de crédito ante a crise do coronavírus, no entanto, já trouxe um aumento de 85% nas provisões dos quatro maiores bancos do país —Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander— e, segundo analistas, também tendem a refletir em uma queda de receita nessas instituições nos próximos trimestres.

 

Na última quarta-feira (3) o banco divulgou a abertura de 1.500 vagas destinada para áreas de tecnologia, riscos, dados, financeiro e jurídico. “Estamos nos preparando para lidar com uma nova realidade que, sem dúvida, exigirá profissionais de alta performance e capacidade de adaptação”, afirmou Vanessa Lobato, vice-presidente de recursos humanos do Santander, na época.

 

Em matéria publicada no domingo (7) pela Folha, consultores e advogados afirmaram à reportagem que receberam diversas consultas de empresários que, sem perspectiva de uma retomada rápida da economia no mercado interno, sem garantia de crédito e com o crescente risco de assumir custos ainda maiores para demitir lá na frente, desistiram de reduzir jornada e salário e começaram a demitir.

 

Segundo os advogados, a redução no número de funcionários já começou e, por orientação de assessores jurídicos, ocorre a conta-gotas, uma vez que mandar embora um grupo grande de trabalhadores pode levar a questionamentos judiciais.

 

OUTRO LADO

 

Em nota, o Santander afirmou que faz parte do abaixo-assinado do movimento Não Demita (rede de empresas que se comprometeram a não reduzir o quadro de funcionários por 60 dias) e que foi uma das primeiras empresas no Brasil a anunciar que não faria demissões até o final de maio.

 

“Nosso compromisso social segue inabalável. Anunciamos recentemente a busca de mais de 1.000 profissionais e iniciamos uma nova operação de atendimento no sul do Brasil que poderá gerar mais de 4.000 empregos ainda neste ano”, afirmou o banco.

 

O Santander disse ainda que a liderança do banco iniciou um processo de reavaliação do nível de produtividade de suas equipes.

 

“O movimento é necessário para fazer frente a um entorno muito mais desafiador, além da necessidade de navegar com eficácia em um ambiente de arquitetura aberta, trabalho em rede e busca incessante de níveis de automação ainda mais contundentes. Este quadro de mudanças inclui, por exemplo, o trabalho remoto de equipes de forma mais permanente, já a partir do segundo semestre. A meritocracia é um dos grandes valores da instituição e é o filtro que pauta qualquer medida na esfera de gestão do nosso capital humano”, disse o banco em nota.

 

>> Santander é cruel e insalubre para os bancários e clientes

Crédito: Edgard Garrido/Reuters
Fonte: Folha de São Paulo – 09/065/2020
Escrito por: Isabela Bolzani

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