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Rita Serrano resistiu, mas deixa comando da Caixa por pressão do centrão

Luis Macedo/Câmara dos Deputados

26 de outubro de 2023

Economista Carlos Alberto Vieira Fernandes teria sido indicação de Arthur Lira. Sindicalistas bancários criticam a mudança

Após meses de boatos, a saída da presidenta da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, foi confirmada nesta quarta-feira (25). Em nota divulgada pelo governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se hoje com Rita Serrano “e agradeceu seu trabalho e dedicação no exercício do cargo”.

Conforme se especulava, Lula confirmou o nome do economista Carlos Antônio Vieira Fernandes, servidor de carreira da Caixa, para a presidência do banco. Ele teria sido indicação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pelo bloco conservador conhecido como Centrão. Fernandes já foi secretário-executivo do Ministério das Cidades durante o primeiro mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff. Há alguns meses se falava na mudança. Rita chegou a falar em tentativa de criar instabilidade, mas lembrou que a definição de cargos cabe ao presidente.

Missão cumprida

Funcionária da Caixa desde 1989 – desempenhou várias funções –, Rita Serrano estava no Conselho de Administração desde 2014. Presidiu o Sindicato dos Bancários do ABC e coordenou o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas.

“Serrano cumpriu na sua gestão uma missão importante de recuperação da gestão e cultura interna da Caixa Econômica Federal, com a valorização do corpo de funcionários e retomada do papel do banco em diversas políticas sociais, ao mesmo tempo aumentando sua eficiência e rentabilidade, ampliando os financiamentos para habitação, infraestrutura e agronegócio”, diz a nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República. Em sua gestão, lembra ainda o governo, foram inauguradas 74 salas de atendimento para prefeitos em todo o país, um compromisso de campanha.

“Substituição é ruim”

A mudança foi criticada por sindicalistas do setor bancários, como a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Juvandia Moreira. “As mulheres foram responsáveis por aproximadamente 60% dos votos de Lula nas últimas eleições. É ruim a substituição de uma mulher por um homem na presidência da Caixa”, afirmou. “Não vamos aceitar que a política do governo passado seja implementada na empresa, como o desmonte da empresa e da sua função de banco público. Nem retrocessos na política da gestão de pessoas”, acrescentou.

Já a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, também mostrou preocupação. “Após as drásticas gestões do banco durante o governo anterior, que implementou uma política de assédio moral e sexual contra empregadas e empregados, Rita vinha tentando mudar e melhorar o cenário. Tínhamos nossas críticas, mas a gestão era aberta ao diálogo. Em uma instituição tão grande e importante como a Caixa, as mudanças demoram a acontecer. Infelizmente ocorreu a substituição quando as mudanças estavam em andamento”, lamentou Fabiana.

O novo presidente 

O novo presidente da Caixa foi anunciado na tarde desta quarta-feira (25): é Carlos Antônio Vieira,  empregado do banco desde 1989. Indicado pelo Partido Progressistas (PP), Vieira é apadrinhado de Arthur Lira e foi o número dois de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) no Ministério da Integração Nacional de 2014 a 2015 no governo de Dilma Rousseff. Já no governo de Michel Temer (MDB) assumiu a presidência da Funcef, o fundo de pensão dos empregados, durante a gestão de Gilberto Occhi na presidência da estatal.

Más lembranças de Carlos

Os empregados da Caixa não guardam boas lembranças de Vieira a frente da Funcef. Foi ele que deu início ao projeto de alteração do estatuto que retirou direitos dos participantes do fundo de pensão e, em 2017, reduziu a taxa de juros da meta atuarial dos planos de benefícios administrados pela Fundação, o que resultou num aumento do déficit em R$7 bilhões. Além disto, o pupilo de Arthur Lira não assumiu compromisso  de cobrar da patrocinadora,  a Caixa, sua responsabilidade no contencioso judicial, o que poderia reduzir as provisões contábeis e diminuir o déficit dos planos. 

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