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Renda do trabalhador caiu em 2022 e segue uma década estagnada

1 de março de 2023

Ganho médio mensal foi de R$ 2.715 no ano passado, 1% a menos que em 2021

A crise econômica se arrasta no Brasil e o rendimento médio mensal do trabalhador brasileiro está estagnado desde 2012, ou seja, uma década praticamente sem crescer nada. A média do ganho mensal cresceu só 1,3% em dez anos, apesar de a inflação oficial no país ter acumulado alta de 81% no período.

No ano passado, a situação ficou ainda pior, com a renda caindo 1% em relação a 2021. A redução foi constatada na edição mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (28).

Segundo o levantamento, cada trabalhador recebeu, em média, R$ 2.715 por mês no ano passado, que representa R$ 28 a menos do que em 2021.

Desemprego

Ainda segundo o a pesquisa do IBGE, o Brasil encerrou 2022 com cerca de 10 milhões de trabalhadores desempregados. Isso corresponde a uma taxa de desemprego média de 9,3%. O índice representa uma redução de 3,9 milhões no número de desempregados em comparação com 2021, queda de 27,9% de no ano, em função da relativa recuperação da normalidade após o pico da pandemia da covid-19.

Antes da crise

Em 2014, ainda no governo Dilma Rousseff, o mercado de trabalho chegou a atingir, antes da crise econômica, o menor contingente de desempregados da série histórica da Pnad. No entanto, o número de pessoas em busca de trabalho está 46,4% mais alto do que em 2014, quando o mercado de trabalho tinha o menor contingente de desempregados da série histórica da Pnad Contínua: 6,8 milhões.

No ano passado, 56,6% das pessoas com idade para trabalhar estavam empregadas. Em 2013 e 2014, eles representavam 58,1%. Cerca de 24,1 milhões de pessoas consideravam-se subutilizadas em 2022. Em 2014, o número era bem menor: aproximadamente 15,6 milhões de pessoas.

O número de “desalentados” (pessoas que desistiram de procurar trabalho) em 2022, 4,3 milhões de pessoas, foi quase três vezes maior do que era em 2014: 1,5 milhão.

Mercado informal

A pesquisa revela ainda outro drama social. O total de empregados chegou a 98 milhões, maior média anual da série, com crescimento de 7,4% sobre 2021, fenômeno que ocorreu no mundo inteiro, em função do maior controle sobre a pandemia e a chamada “demanda de consumo reprimida”. No entanto, por trás do número absoluto de ocupação no mercado de trabalho está o crescimento exponencial do número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado (12,9 milhões), crescimento maior do que o de trabalhadores com carteira (35,9 milhões), com os respectivos aumentos de 14,9% e 9,2%.

O número médio de trabalhadores por conta própria subiu 2,6%, para 25,5 milhões. Por sua vez, os empregados no setor doméstico, onde predomina a informalidade, aumentou 12,2%, somando 5,8 milhões.

A taxa média de informalidade oscilou de 40,1%, em 2021, para 39,6%. Mas fica acima das taxas registrada em 2016 (38,6%) e mesmo em 2020 (38,3%).

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