Órgão publicou instrução normativa que amplia exigência de prestação de informações ao Fisco para combater a lavagem de dinheiro
A Receita Federal publicou sexta-feira, 29 de agosto, no Diário Oficial da União uma instrução normativa para dar as fintechs o mesmo tratamento normativo que os bancos no âmbito do Fisco. Com isso, elas precisarão informar uma série de dados para o monitoramento de transações financeiras, igualando suas obrigações junto à Receita às exigidas para os bancos.
A mudança foi realizada após A Operação Carbono Oculto, que revelou esquema criminoso do PCC na quinta-feira (28/8) e terá um efeito direto na regulação das chamadas fintechs.
“As instituições de pagamento e os participantes de arranjos de pagamentos sujeitam-se às mesmas normas e obrigações acessórias aplicáveis às instituições financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional”, diz a instrução normativa. A nova norma foi descrita como “sucinta” pelo governo. Ela “estabelece medidas de combate aos crimes contra a ordem tributária, inclusive aqueles relacionados ao crime organizado, em especial a lavagem ou ocultação de dinheiro e fraudes”, a exemplo da Operação Carbono Oculto.
Para melhorar a fiscalização
Atualmente, só os bancos são obrigados a repassar para o Fisco informações sobre operações que superem R$ 2 mil por mês no caso de pessoa física. Na avaliação do governo, a falta de dados das fintechs dificulta a fiscalização ativa para fins de combate de ilícitos e é uma brecha aproveitada pelo crime organizado.
Não é de hoje que o movimento sindical vem cobrando a regulação do sistema financeiro e exigências mais rígidas para a criação e funcionamento das fintechs e plataformas digitais de pagamento no sistema financeiro nacional.
Lavagem de dinheiro
Segundo a nova norma, as “Fintechs têm sido utilizadas para lavagem de dinheiro nas principais operações contra o crime organizado, porque há um vácuo regulamentar, já que elas não têm as mesmas obrigações de transparência e de fornecimento de informações a que se submetem todas as instituições financeiras do Brasil há mais de 20 anos. O crime organizado sabe disso e aproveita essa brecha para movimentar, ocultar e lavar seu dinheiro sujo”, disse a Receita, em nota.