Carnes encerrarão o ano de 2023 com a maior queda acumulada desde o início do Plano Real, em 1994, como parte de um esforço para combater a hiperinflação no Brasil
Os preços da carne no Brasil podem encerrar o ano de 2023 com uma queda acumulada de mais de 10% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), de acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo. Embora uma redução anual desse porte seja incomum na série histórica do índice, ela não será suficiente para compensar o aumento substancial dos preços da carne nos anos anteriores, que impactaram o consumo no país, destaca.
Até setembro de 2023, as carnes registraram uma deflação de 11,06% no acumulado de 12 meses do IPCA, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Projeções do banco Santander Brasil apontam que a redução deve chegar a 11,35% até dezembro, enquanto a LCA Consultores prevê uma deflação de 10,75% para o mesmo período.
Apesar das diferenças nas projeções, ambas indicam que as carnes provavelmente encerrarão o ano de 2023 com a maior queda acumulada desde o início do Plano Real, que entrou em vigor em julho de 1994, como parte de um esforço para combater a hiperinflação no Brasil.
De acordo com os economistas, a queda dos preços da carne em 2023 está relacionada à expansão da oferta no mercado interno. Segundo o IBGE, o abate de bovinos no país aumentou 12,6% em relação ao mesmo período de 2022 e 13,4% em relação ao primeiro trimestre de 2023, totalizando 8,36 milhões de cabeças abatidas no segundo trimestre. Além disso, a redução nos preços dos insumos usados na produção, como a ração, contribuiu para a queda de preços nas carnes.
Em 2019, por exemplo, as carnes encerraram o ano com uma alta acumulada de 32,4% no IPCA, devido ao aumento das exportações. A pressão nos custos de produção continuou nos primeiros anos da pandemia, resultando em uma inflação nas carnes de 17,97% em 2020 e 8,45% em 2021. Em 2022, o aumento desacelerou para 1,84%.
Na análise mensal, os preços das carnes vêm registrando quedas no IPCA desde janeiro de 2023, totalizando nove meses consecutivos de deflação, até setembro, quando a queda foi de 2,1%. Especialistas preveem a possibilidade de uma nova redução em outubro, mas projetam um aumento nos preços em novembro e dezembro, períodos em que a demanda por produtos de carne costuma aumentar.