Banco do Brasil apresentou maior lucro e rentabilidade entre os pares
O Banco do Brasil apresentou o melhor resultado do setor bancário no quarto trimestre de 2023, com lucro líquido de R$ 9,4 bilhões e rentabilidade de 21,6%. A liderança não é novidade: o BB foi o banco com melhor resultado do País em três das quatro divulgações relativas ao ano passado – o Itaú, maior banco privado do Brasil, ficou à frente no terceiro trimestre do ano passado. Vale lembrar que, no acumulado do ano, o Itaú levou a melhor e ficou à frente por uma margem estreita, de R$ 56 milhões.
“Sabemos o que estamos fazendo. Apesar de todo o descrédito que o mercado deu para o BB e para esta gestão, estamos entregando resultados e rentabilidade históricos”, defendeu Geovanne Tobias, vice-presidente de gestão financeira do banco, em coletiva para comentar os resultados do banco na última sexta-feira, 9/2.
As ações do BB têm recomendação de compra pelas principais casas de análise, mas a top pick do setor para a maioria delas segue sendo o Itaú, que, sendo privado, não tem o risco de intervenção estatal.
“O Banco do Brasil é uma empresa com uma estrutura de governança muito forte. O mercado pode esperar de nós em 2024 tudo o que não esperaram em 2023: a entrega do nosso guidance”, destacou Tarciana Medeiros, presidente do banco. O BB propôs um crescimento da carteira de crédito de 8% a 12% para 2024 e lucro líquido ajustado entre R$ 37 bilhões e R$ 40 bilhões.
Em crédito, o grande destaque do Banco do Brasil segue sendo o agronegócio, que representa um terço da carteira. Houve um crescimento de 10,3% da carteira total em 2023, para R$ 1,10 trilhão, enquanto o agro teve avanço de 14,7%, para R$ 355,3 bilhões.
Após anos de muita força para o agronegócio, a expectativa é de normalização este ano, com um crescimento da carteira de crédito do segmento entre 11% e 15%. “O agro será normalizado, então não devemos ter um crescimento tão grande de margem quanto em 2023. A inadimplência também está se acomodando para uma média histórica após ficar nas mínimas”, acrescentou Tobias.
A inadimplência com atrasos acima de 90 dias do agro foi de 0,96%, alta de 0,25 ponto percentual em três meses. Por sua vez, o índice de inadimplência geral da carteira foi de 2,92% avanço de 0,3 p.p. em um ano, e de 0,1 p.p. em três meses.
Balanço positivo e queda de ações?
Apesar do saldo final positivo, as ações do BB operam em queda próxima de 2% por volta de 12h na sexta-feira, 9/2. Os analistas avaliaram que o balanço do banco estatal tem alguns desafios.
Um deles é que a linha final do balanço foi impactada positivamente pelo resultado da tesouraria, que foi beneficiada por um evento pontual: a maxidesvalorização do câmbio na Argentina e seu efeito sobre o Banco Patagônia, controlado pelo BB.
Além disso, houve um aumento relevante na provisão para devedores duvidosos (PDD), que subiu 82,3% em base anual, para R$ 30,5 bilhões, de olho em um agravamento de alguns casos pontuais no atacado. O banco não divulga os nomes das empresas que receberam o reforço adicional de provisões, mas a Gol, em recuperação judicial, tem sido um ponto de atenção para os bancos brasileiros.
Ainda assim, a expectativa era por uma reação positiva. “O Banco do Brasil publicou um guidance construtivo para 2024. Embora as tendências operacionais tenham sido mais fracas, o aumento de dividendos e guidance sólido provavelmente serão recebidos positivamente. Mantemos recomendação de compra”, escreveram, em relatório, os analistas do Goldman Sachs.
Junto com os resultados, o BB anunciou um aumento do payout (percentual de distribuição em relação ao lucro) de 40% para 45% — um dos pontos mais positivos do resultado na visão dos analistas. O banco irá pagar R$ 2,38 bilhões em proventos.
“Com ventos favoráveis para a lucratividade do BB, reiteramos nossa recomendação de compra. O banco estatal continua a ser negociado com desconto, apesar do desempenho superior a seus pares”, escreveram os analistas da Genial Investimentos.