Segundo reportagem da Folha de São Paulo, publicada em 19/10, a Justiça condenou o superintendente de segurança do Safra a um ano de prisão por ameaçar um cliente
Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, a Justiça condenou o superintendente de segurança do banco Safra a um ano de prisão por ameaçar um cliente. O caso é sério e foi comparado a ações de gangsters.
O executivo do grupo Safra, Sebastião Jesus Garozzo, teria contratado o segurança Jefferson Fiuza para perseguir um empresário do grupo Gobbo.
O empresário foi perseguido em Campinas (interior de São Paulo). Segundo a Polícia, Fiuza carregava em seu carro 172 munições de pistola, uma faca, barra de ferro e um par de algemas.
Fiuza declarou que carregava as algemas por fetiche sexual. Ele também disse que as munições eram para tiro ao alvo, apesar de não ter documentos comprovando a prática. A faca era para descascar laranja e a barra de ferro para trocar a roda do carro.
O juiz considerou as justificativas irônicas e condenou Fiuza a três anos de prisão e Sebastião a um ano.
Os motivos para perseguição
O grupo Gobbo era um comércio familiar do interior de São Paulo, que contava com 12 lojas de calçados e faturava 15 milhões, até quebrar.
Segundo Guto Gobbo, gerente das lojas Gobbo, a falência teria acontecido por fraudes feitas pelo Safra.
Desde 2008 Gobbo faz críticas pesadas ao Safra, tendo criado o site Safraude, onde ele conta como o banco Safra fraudou antecipações dos recebíveis de cartão de crédito.
As manifestações do empresário não foram bem vistas pelo banco, que resolveu processá-lo e, por meio de seus agentes, coagi-lo.
A fraude dos Safras
Primeiramente, o gerente do grupo Safra da região foi até a loja da Gobbo para fechar um negócio vantajoso. O Safra oferecia contratos de adiantamento de recebíveis pela taxa 1,99% e com esse dinheiro seria possível ganhar desconto na compra de calçados e roupas, como explica Guto Gobbo:
“A proposta da executiva do Banco Safra era interessante à ambas as partes: Antecipar os valores das vendas a prazo, feitas com as maquinas de cartões de crédito a um custo de 1,9% a.m., uma transação conhecida no mercado como “ Operação Fumaça”. Com esse recurso, passaríamos a comprar à vista de nossos fornecedores com um desconto de 5 a 6 % a.m. Por se tratar de empresas da mesma família, porém distintas, os formulários de antecipação eram individuais.”
Os contratos eram enviados para a agência com alguns dados, como de juros, preenchidos à lápis. As lojas Gobbo continuava aumentando as vendas, mas as contas não fechavam.
Por isso eles contrataram uma auditoria para ver o que estava acontecendo, o resultado?
Como resultado foram encontrados mais de 3 mil contratos com taxas de juros fraudadas, que chegavam a cobrar 5,2% ao mês, em contratos que deveriam ser de 1,9%.
Gerentes que desapareciam
Enquanto as fraudes aconteciam, outros bancos mostravam interesse pelo contrato dos Gobbos, mas os agentes desses bancos desapareciam misteriosamente após um tempo.
O que acontecia? Gobbo afirma que o banco Safra usava uma tática chamada de “POC”:
“Ao tomar conhecimento do interesse do concorrente, o Safra valia-se de um recurso conhecido como “POC” que, dentre outras possibilidades, permite ao gerente interferir sobre qualquer operação bancária dos clientes. Neste caso, o meio utilizado era a não autorização à compensação de alguns cheques, durante esse período de sondagem comercial. Só éramos alertados de que nosso cadastro constava da lista de inadimplentes do Serasa semanas depois.”
Como consequência, os gerentes bancários perdiam interesse pelo conta de Gobbo, já o banco Safra pedia desculpas pelo acontecido:
“O inconveniente nos era comunicado juntamente com explícitos pedidos de desculpas, pela equipe do Safra.”
Gobbo ganhou 3 ações contra o Safra no STJ (Superior Tribunal de Justiça), nelas o STJ reconheceu as fraudes apresentadas. O Safra foi condenado a devolver R$1 milhão.
Práticas comuns nos bancos?
O caso Gobbo mostra o poder das instituições bancárias – agindo quase como gangsters, eles tentam esmagar os concorrentes e extorquir dinheiro de seus clientes.
A perseguição bancária acontece também no mercado de criptoativos, visto por eles como possíveis competidores.
O Itaú, um dos responsáveis pela lavagem de dinheiro dos operadores descobertos na operação Lava Jato, disse ao CADE que fecha sistematicamente as contas de corretoras de criptomoedas pois está preocupado com a lavagem de dinheiro:
“Isso porque, ainda que o Itaú Unibanco opte por não atender corretoras de criptomoedas, pois entende que moedas virtuais que podem ser trocadas por dinheiro real ou outras moedas virtuais são potencialmente vulneráveis à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.“
Outro caso chocante é do CEO da Foxbit, que teve a sua conta e a de seus familiares fechadas sem aviso prévio apenas por fazer operações legais com criptomoedas.
As práticas desonestas são muitas e incluem venda de pacotes casados, taxas cobradas indevidamente, desobediência a legislação vigente e outras, como mostra o vídeo do Canal do Otário:
Até agora o Banco Safra não respondeu a nenhuma reportagem sobre o tema.
Fonte: COINTIMES PRO | A maior plataforma de conteúdo sobre criptomoeda