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Mulheres: DVD A Revolução em Dagenham

24 de maio de 2011

Uma dramatização do protesto de 1968 das trabalhadoras empregadas em uma fábrica da Ford, localizada em Dagenham, no Reino Unido. Elas se manifestaram contra a discriminação e o machismo.

Nigel Cole é dono de uma filmografia composta apenas por cinco obras cinematográficas (a sexta, “Rafta Rafta”, ainda está sendo filmada). O diferencial é que em todas elas o realizador britânico mostrou a que veio. Isto porque foi capaz de encher de personalidade histórias que facilmente poderiam ser banalizadas por outros diretores, seja de uma mulher de meia-idade que supera de forma pouco convencional sua viuvez (“O Barato de Grace”), um amor juvenil registrado por encontros e desencontros (“De Repente É Amor”) e a relação desfeita entre pai e filho com vidas errantes (“De Golpe em Golpe”). O seu melhor é mostrado em “Garotas do Calendário” e, de certa forma, reprisado em “Revolução em Dagenham”, produção recentemente lançada em nosso país direto para o mercado de DVD.

O diretor tem tato para histórias reais, onde relata grandes mulheres através de pequenas ações bem-intencionadas. Mas se em “Garotas do Calendário” as protagonistas de idade buscavam levantar verba apenas para substituir o sofá do asilo onde vivia o marido de uma delas, “Revolução em Dagenham” apresenta um acontecimento realmente marcante. Cansada de fazer um trabalho que requer o mesmo esforço que de homens em outros departamentos da Ford, Rita O’Grady (Sally Hawkins) move montanhas junta a suas amigas e ao representante sindical Albert (Bob Hoskins) na luta pela igualdade salarial. Rita trabalha no setor de costura, paralisado com uma greve que se arrastou por dias e que fez a Ford de Dagenham fechar suas portas por tempo indeterminado. Afinal, sem passar pelo processo que Rita e suas companheiras de trabalho eram responsáveis era impossível a produção de novos veículos.

Essa dramatização do episódio real de 1968 rende fortes consequências até hoje e é difícil imaginar como uma história tão forte como esta jamais tenha ganhado as telas antes de chegar nas mãos de Nigel Cole. Em um mundo onde mulheres ainda buscam serem valorizadas no mercado de trabalho, “Revolução em Dagenham” se mostra incisivo. Mais do que isto, a produção sabe dosar a seriedade deste conteúdo e dar relevo as personagens reais, retratadas como mulheres vaidosas, descontraídas e duras de queda. O melhor momento onde isto é testemunhado é na maravilhosa presença de Rosamund Pike, que vive a esposa de um ricaço. Em um daqueles momentos de brilhantismo com potencial de entrar na história do cinema, sua personagem, Lisa, se dirige a Rita relembrando os seus gloriosos tempos na universidade onde lia sobre pessoas extraordinárias que influenciaram a história e o quanto gostaria de vivenciar os sentimentos dessas pessoas no momento que atingem grandes feitos, incentivando-a a não desistir de sua luta. Ao término de “Revolução em Dagenham” a maior certeza que fica é de que Rita O’Grady experimentou esse desejo de Lisa como uma grande heroína.

Diretor: Nigel Cole
Roteiro: William Ivory
Musica: David Arnold
Fotografia: John De Borman
Elenco: Sally Hawkins, Bob Hoskins, Miranda Richardson, Geraldine James, Rosamund Pike, Andrea Riseborough, Jaime Winstone, Daniel Mays, Richard Schiff, John Sessions, Rupert Graves, Roger Lloyd-Pack, Richard Bailey
Distribuidora: Sony Pictures Home Entertainment

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