Mobilização quer pressionar o Banco Central e chamar atenção da população sobre as consequências das taxas vigentes no país
Representantes das principais centrais sindicais do país realizam ato na próxima terça-feira (21) contra os juros altos. Os sindicalistas vão se reunir junto à sede do Banco Central (BC) em São Paulo, na Avenida Paulista, para chamar atenção da população sobre as consequências das taxas vigentes no país.
A discussão sobre a alta dos juros ganhou força nos últimos meses, e se tornou ponto de embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o BC, que com a decisão do então ministro da Economia Paulo Guedes, na gestão anterior, de conceder a chamada “autonomia”, o governo já não tem mais controle sobre a política cambial e de juros.
Nos próximos dias, o Copom (Comitê de Política Monetária), se reúne para decidir se diminui ou não os juros. Com a Selic atualmente em 13,75% anuais, o ato da próxima terça-feira pretende ser mais um instrumento de pressão junto ao BC para baixar essa taxa.
O cartel dos bancos
A situação chegou ao cúmulo de bancos, como Bradesco e Itaú, e outros, suspenderem o crédito consignado aos aposentados do INSS após o governo Lula baixar as taxas para esta modalidade de empréstimo bancário de 2,14% para 1,70%.
“Os bancos não querem a redução das taxas de juros e isso está sendo observado nas últimas práticas. Eles seguem lucrando, cada vez mais, e quem sofre com as consequências dos altos juros é o povo brasileiro”, ressalta Eneida Koury, secretária de Finanças do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
A Febraban (Federação Nacional dos Bancos) divulgou nota dizendo que os bancos alegam “não ter condições, com a redução dos juros”, de arcar com a despesa de captação de clientes”, uma argumentação absurda para o setor mais lucrativo do país. No ano passado, os bancos faturaram R$92,2 bilhões, resultado 6,3% maior do que em 2021, enquanto que outros setores amargam prejuízos após a pandemia e o agravamento da crise nos últimos quatro anos.
E causou grande indignação o fato de o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, instituições públicas, tomarem a mesma medida do cartel privado do sistema financeiro, que detém 89% deste tipo de consignado, sobrando apenas 11% para BB e Caixa.
Reunião de urgência
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, adiou para terça-feira uma reunião com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Previdência Social, Carlos Lupi, para decidir o futuro do crédito consignado para aposentados.
Além da mobilização na capital paulista, as centrais pretendem realizar atos também junto a outras sedes do BC, e até mesmo em cidades onde o banco não tem representação. Serão distribuídos panfletos informativos para aproximar cidadãos desse debate.