Pesquisa recente aponta que 79% dos casos são relatados por mulheres, a maioria das vezes contra chefes. Casos devem ser comunicados à Polícia Civil, orienta advogado.
O medo de retaliações e de perder o emprego é a principal causa para que 87,5% das vítimas de assédio sexual ou moral no trabalho não denunciem os casos, aponta uma pesquisa feita por um site especializado em vagas.
De acordo com o estudo de um site especializado em vagas, quando chega às autoridades competentes, a maior parte das queixas parte de mulheres e, na maioria dos casos, diz respeito ao desvio de comportamento do chefe.
“Denunciar é de extrema importância, é uma questão de dignidade humana, porque se a pessoa tem coragem de fazer isso com uma colega de trabalho, tem coragem de fazer isso com qualquer outra pessoa”, afirma a assistente social Silvia Diogo, representante da ONG Casa da Mulher, que orienta vítimas de assédio.
Assédio sexual
O estudo mostra que 10% dos entrevistados já sofreram algum tipo de assédio sexual no trabalho. Destes, 79% são mulheres e 21% são homens. Os chefes diretos representam 51,3% dos agressores, enquanto outros superiores hierárquicos representam 32,6% e funcionários do mesmo nível 11,5%. Cantadas e olhares abusivos estão entre as principais queixas.
“A pessoa que sofre o assédio muitas vezes se sente desconfortável. Às vezes o assédio é uma brincadeira, um abraço mais prolongado, uma demonstração de afeto diferenciada. Isso tem que ser analisado e se a pessoa se sentir desconfortável deve buscar o auxílio”, afirma o advogado Marcelo Toledo Lima.
Apesar da incidência, o levantamento mostra que apenas 12,5% das pessoas denunciam os assediadores, na maioria das vezes (39,4%) por medo de perder emprego e de represálias (31,6%).
“A questão do emprego é complicada, hoje inclusive pela situação do país, em que temos um desemprego muito grande, esse é um complicador, mas a pessoa, quando se sente realmente desconfortável, passa a não mais produzir também, ela não consegue trabalhar de forma adequada dentro da empresa”, explica Lima.
Vergonha (11%), receio de o denunciante ser culpado (8,2%) e sentimento de culpa (3,9%) também estão entre as motivações, mostra o estudo.
O advogado orienta as vítimas a procurarem a Polícia Civil, caso não seja possível fazer a denúncia dentro da empresa. “Ela tem que buscar uma forma de se proteger. Se o assediador for seu superior, e se esse superior tiver outro acima dele, ela deve buscar informar esse superior dele também. Na dúvida, consultar um advogado que vai instruí-la e orientá-la a como fazer isso da melhor forma”, afirma.
A empresa também é responsabilizada nas eventuais ações, explica. “Isso incide também em um dano moral. Quando há esse tipo de situação a empresa é responsável objetivamente, mesmo que o assediador tenha sido outro empregado.”
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Fonte: G1