Bancos abusam do valor cobrado e número de inadimplentes passa dos 70 milhões, aponta Serasa
Não bastasse a taxa básica de juros (Selic) no alto patamar de 13,75% a.a., a taxa de juros rotativo do cartão de crédito atingiu o inacreditável valor 411,5% ao ano, no mês de janeiro. Este é a maior valor desde agosto de 2017, quando chegou a 428%.
Os dados divulgados pelo Banco Central revelam o salto da taxa que em dezembro de 2022 era também de assustadores 407,7% a.a.
O crédito do rotativo é aquele pelo qual as famílias se inserem quando não se paga a totalidade do cartão de crédito, sendo, portanto, um crédito de urgência.
Toda essa situação escorchante para a população brasileira tem relação com o número de famílias inadimplentes. Como aponta a Serasa Experian, 70,1 milhões estavam inadimplentes em janeiro de 2023.
O número é revelador do caos inserido nos últimos anos, quando Jair Bolsonaro governou. De janeiro de 2018, ainda sob Temer, para janeiro de 2023, o número de inadimplentes saltou de 59,3 milhões para os atuais 70,1 milhões.
Mas não é só isso. O valor das dívidas aumentou no período. Enquanto em 2018 a média de das dívidas era de R$ 3.926,40, agora o valor é de R$ 4.612,30.
Enquanto a Selic alta tem segurado o crescimento do país e dos investimentos no setor produtivo, o que pode oferecer risco de estagnação do país, como aponta o economista Paulo Nogueira Batista Jr., os bancos mantêm os altos valores cobrados pelo crédito, em especial do rotativo em 411,5% ao ano, o que forma um cenário preocupante que precisa ser acompanhado de perto pelo governo Lula.
Como primeiro passo o governo deve lançar o Desenrola Brasil nas próximas semanas para renegociação de dívidas com foco em pessoas com renda de até dois salários mínimos. O programa também será uma solução para os endividados pelo crédito consignado vinculado ao antigo Auxílio Brasil que foi impulsionado por Bolsonaro em uma tentativa desesperada de se alavancar nas eleições, mas que saiu derrotado.