Gerentes gerais e funcionários com mais de 15 anos de dedicação ao Itaú estão sendo perseguidos para não conseguirem cumprir metas e serem demitidos, conforme denúncias na Capital de São Paulo
O Itaú está promovendo demissões de gerentes-gerais e de bancários em outras funções, com 15 a 20 anos de contrato e acima de 40 anos de idade. Para isso, está usando um método cruel: empregados enquadrados nessa faixa etária e tempo de banco, mas que possuem nota “acima do esperado” em agências de grande porte (platinum e diamante) estão sendo transferidos para unidades menores (ouro e bronze) e com poucos funcionários, onde é mais difícil atingir resultados.
O movimento é feito para justificar a demissão, após o resultado não ser alcançado nas agências menores e a nota do empregado, consequentemente, cair.
Nos ciclos de avaliação, os bancários são classificados por um comitê nos quadrantes “acima do esperado”, “dentro do esperado”, “abaixo do esperado” e “preparar saída”. Na lista de demissões, há ainda os critérios “acompanha a transformação do banco” e “não acompanha a transformação do banco”.
Segundo sindicalistas, este comitê de avaliação escolhe funcionários com 45 anos de idade e alega que elas não acompanham as transformações do banco. São funcionários que se dedicam tanto que até trabalham doentes para cumprirem metas absurdas, com um quadro já pequeno de trabalhadores.
“Por isso casos de doenças ocupacionais aumentam como, por exemplo, burnout, depressão, pânico e estresse. Cerca de 65% da nossa categoria reclama de estresse. O Sindicato dos Bancários de Santos e Região juntamente com o movimento sindical nacional vai continuar denunciando e defendendo os funcionários. Para isso denuncie caso haja perseguição e demissão no Sindicato”, reage Élcio da Quinta, presidente do Sindicato e bancário do Itaú.
Itaú reduz número de bancários mais velhos
Em 2016, os bancários com idade acima de 50 anos representavam 9,38% do total do quadro de empregados do Itaú. Em 2020, o número caiu para 6%. Os dados são dos Relatórios Anuais Integrados do Itaú.
Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de maio e 2023 indicam saldo positivo de contratação no setor bancário como um todo, entre as faixas etárias até 29 anos, com ampliação de 504 vagas. Já para as faixas superiores, foi notado movimento contrário: fechamento de 1.468 vagas para o mês de maio.
O salário mensal médio do bancário admitido em maio alcançou o valor de R$ 6.155,15, enquanto o do desligado foi de R$ 7.458,87. Ou seja, o salário médio do admitido correspondeu a 82,52% do desligado.
Investigação do Ministério do Trabalho e Emprego apontou que o Itaú forçou demissão de bancários mais velhos no último Plano de Desligamento Voluntário (PDV) promovido pelo banco, em 2022.
Fechamento de agências e demissões
Os trabalhadores relatam um clima de muita preocupação com este cenário, mas também por causa do fechamento de agências. O Itaú alega que os bancários de unidades encerradas são transferidos. Quando uma agência fecha não há vaga para realocação e acontecem as dispensas.