Economia nacional cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, mesmo percentual da China
O crescimento do investimento e do consumo das famílias no Brasil no terceiro trimestre deste ano colocou a economia do país entre as que mais cresceram nesse período em 2024. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) nacional aumentou 0,9% em três meses. O percentual é o mesmo apurado na China para o período.
“O crescimento é muito bom. Um pouco acima das expectativas, principalmente porque o agro não vem crescendo tanto por conta dos efeitos da crise climática”, disse Weslley Cantelmo, economista e presidente do Instituto Economias e Planejamento. “De fato, o Brasil tem se deslocado da média de crescimento no período.”
Entre os países que fazem parte do chamado G20, o grupo das 20 economias mais relevantes do planeta, o Brasil só fica atrás da Indonésia (1,2%), da Índia (1,1%) e do México (1,1%) no crescimento trimestral.
Os Estados Unidos, por exemplo, cresceram 0,7%.
Os percentuais dizem respeito ao comparativo entre o PIB apurado de abril a junho com o mesmo indicador apurado de julho e setembro.
Nos últimos 12 meses, segundo o IBGE, o PIB nacional cresceu 4%. Nos três meses encerrados em setembro, ele atingiu a marca de R$ 3 trilhões.
Segundo Mauricio Weiss, economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nesse ritmo, a economia brasileira tende a encerrar o ano crescendo cerca de 3,5%.
O Brasil não estaria no topo do ranking do crescimento mundial, mas, ainda assim, seguiria avançando mais do que a média dos países e acima do esperado, defende o especialista. “Na comparação anual, não estaremos exatamente na mesma posição, mas estaremos bem”, acrescentou ele.
Crescimento sustentado
Tal crescimento da economia brasileira, tanto no terceiro trimestre quanto nos últimos 12 meses, tem a ver principalmente com o aumento do investimento no país e do consumo das famílias, segundo dados do IBGE.
Só o investimento, medido pela chamada formação bruta de capital fixo, cresceu 10,8% no terceiro trimestre de 2024 ante ao mesmo período de 2023. Foram 2,1% de crescimento só nos últimos três meses.
“Isso é o chamado crescimento sustentado: manter a economia aquecida por tempo suficiente e para iniciar o investimento privado por conta de uma demanda forte”, comemorou Pedro Faria, economista.
“Isso, já no curto prazo, aumenta a capacidade produtiva do país”, acrescentou Weiss. “Há um investimento em maquinário, como pode ser observado quando se analisa a questão da importação de maquinário. São sinais bem importantes que mostram não só um bom ritmo do crescimento econômico, como um crescimento de melhor qualidade.”
Já o consumo das famílias aumentou 5,5% em 12 meses e 1,5% em um ano. Cantelmo destacou que isso tem a ver com políticas públicas do governo voltadas à população de baixa renda.
O especialista ainda alertou para os impactos negativos que o a redução de benefícios previstos no pacote de corte de gastos pode ter futuramente sobre a economia.
“De fato, o que tem segurado o crescimento da economia é o consumo e isso tem a ver com algumas políticas públicas importantíssimas”, disse ele, citando a valorização do salário mínimo e o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), os quais têm mudanças previstas no tal pacote do ajuste fiscal.
“Esse corte de gastos pode ser que tenha um impacto sério no ano que vem nessa dinâmica de crescimento”, alertou Cantelmo.