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Governo Bolsonaro desperdiçou pelo menos 1,9 milhão de vacinas contra a covid

8 de março de 2023

Levantamento do TCU aponta que, de 2 milhões de doses de vacinas doadas pelos Estados Unidos, 1,9 milhão foi incinerada por negligência

O Tribunal de Contas da União (TCU) apurou que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) incinerou 1,9 milhão de doses de vacinas contra a covid-19. Isso porque o governo negligenciou a logística de distribuição dos imunizantes. A falta de ação é correlata ao negacionismo do grupo político bolsonarista. Desde o início da pandemia de covid-19, a cúpula do governo negou a ciência, desconsiderou medidas preventivas e, inclusive, atacou vacinas com mentiras.

Entre as mentiras do governo Bolsonaro contra os imunizantes, estão as de que eles não seriam eficazes, nem seguros. O presidente chegou a dizer que as vacinas transformariam quem a tomasse em “jacaré” e cruzou, em muito, a linha do aceitável ao relacionar vacinas com a transmissão do HIV. De acordo com o TCU, o 1,9 milhão de imunizantes perdidos foi desperdiçado pelo Ministério da Saúde em um momento em que a pandemia deixava mais de mil mortos por dia.

À época, o então ministro Marcelo Queiroga, atuou, segundo o TCU, com falta de planejamento e cuidado. “Ocasionando descarte da quase totalidade dos imunizantes, gerando despesas de quase R$ 1 milhão, com transporte, desembaraço aduaneiro, armazenagem e incineração, sem trazer benefícios à população”.

Doação de vacinas

Estes imunizantes chegaram ao Brasil no dia 21 de novembro de 2021. O prazo de validade era 31 de dezembro. O recebimento das doses foi fruto de uma doação do governo dos Estados Unidos. “Chegaram agora pela manhã mais de 2 milhões de doses de vacina Covid-19 doadas pelos Estados Unidos. Agradeço pela parceria. Juntos, vamos vencer esta pandemia”, disse o ministro na ocasião.

As doses enviadas pelos Estados Unidos faziam parte do consórcio Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS). A iniciativa global buscou enfrentar a pandemia através do redirecionamento de vacinas de países com sobra para economias mais frágeis. O argumento do governo para o descaso foi de que a imunização já avançava no país. Contudo, a irresponsabilidade persiste, já que muitos países da comunidade internacional até hoje carecem de imunizantes.

Então, para entender o tamanho do desperdício de imunizantes durante o governo Bolsonaro, o TCU pediu esclarecimentos para a atual administração. O órgão exigiu, em 10 dias, que o Ministério da Saúde levante um histórico da “quantidade de vacinas contra covid-19 em estoque, data de validade, quantidade de produto já descartado, entre outras questões”.

Inimigo da ciência

Desde os primeiros casos da covid-19 no Brasil, em março de 2020, Bolsonaro atuou como inimigo da ciência. Acompanhe um breve histórico do negacionismo durante a pandemia:

  • Bolsonaro isolado após pronunciamento em que desdenhou do coronavírus
  • O Brasil já vinha mal. Com Bolsonaro, consequências do coronavírus serão mais graves
  • Casos confirmados no país crescem 68% em um dia. Entre eles, 17 viajaram com Bolsonaro
  • Bolsonaro é irresponsável com a saúde pública ao estimular atos: ‘Não está à altura do cargo’
  • Cientistas mostram espanto e desmontam negacionismo de Bolsonaro e Queiroga
  • É hoje, Diário! Eu acima de tudo e coronavírus pra cima de todos
  • Má gestão da pandemia tornou o Brasil ‘celeiro’ de mutações do coronavírus
  • Em colapso na saúde, Brasil registra 2.724 mortos por covid-19 em 24 horas
  • ‘Os que morrerem a partir de maio têm o endereço de quem os matou: o Planalto’, diz Gonzalo Vecina
  • Vacinação contra a covid-19 em 2021 foi marcada pela desigualdade
  • Atraso do governo Bolsonaro na vacinação causou morte de 47 mil idosos
  • Os sete erros de Bolsonaro que permitiram 75% das 690 mil mortes por covid no Brasil
  • Ministério da Saúde de Bolsonaro força atraso da vacinação de crianças
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