Bancos dizem ter sido vítima do esquema criminoso
Mensagens obtidas pela Polícia Federal revelam que executivos da Lojas Americanas tentaram convencer funcionários dos bancos Itaú e Santander a adulterar documentos enviados a auditorias externas, segundo revela reportagem da Folha de S. Paulo. Esses documentos analisavam as contas da varejista, sendo parte central da fraude contábil que resultou em um rombo de R$ 25,2 bilhões. Este material foi utilizado pela PF para deflagrar a operação Disclosure na quinta-feira (27/6).
As mensagens mostram que a diretoria da Americanas pressionou funcionários dos bancos para omitirem o termo “risco sacado” das cartas enviadas às auditorias externas, conhecidas como cartas de circularização. O “risco sacado” é uma operação financeira em que bancos emprestam dinheiro às varejistas para pagamento a fornecedores, permitindo que as varejistas obtenham melhores condições de pagamento em troca de juros.
A Americanas utilizava essa operação para manter um fluxo de caixa aparentemente saudável, omitindo essas dívidas de seus balanços, o que aumentava a fraude. O Itaú negou qualquer participação na fraude, afirmando que sempre forneceu informações corretas e completas às auditorias e reguladores. “Os informes enviados às auditorias sempre alertavam sobre as operações de risco sacado. Os diretores da Americanas tentaram retirar esses alertas, mas o banco nunca concordou com esse pedido”, afirmou o banco em nota.
O Santander também repudiou qualquer insinuação de envolvimento e declarou que sempre informou integralmente os saldos das operações da Americanas no Sistema Central de Risco do Banco Central. “A instituição sempre informou integralmente os saldos das operações da Americanas no Sistema Central de Risco do Banco Central, que constitui uma entre as possíveis fontes de auditagem, além das cartas de circularização”, acrescentou.