Início Notícias Estudo revela que Brasil é um dos países que menos cobram impostos dos super-ricos
Notícias

Estudo revela que Brasil é um dos países que menos cobram impostos dos super-ricos

10 de dezembro de 2025

Um novo levantamento internacional expõe uma realidade já conhecida, mas ainda mais profunda do que se imaginava: os super-ricos pagam muito menos impostos do que o restante da população — e, entre os países avaliados, o Brasil apresenta a pior situação.

A terceira edição do Relatório Mundial sobre a Desigualdade 2026, elaborado por pesquisadores da rede World Inequality Lab, coordenada pelo economista francês Thomas Piketty, comparou dados de Brasil, França, Holanda, Espanha e Estados Unidos. A conclusão é clara: em todos eles, as alíquotas efetivas caem drasticamente justamente entre os bilionários. No topo da pirâmide, a carga tributária praticamente zera.

Segundo o estudo, 99% da população vê suas alíquotas efetivas subirem conforme a renda aumenta. Mas, entre os ultrarricos, ocorre o oposto: os mais ricos conseguem reduzir a tributação real por meio de mecanismos legais, isenções e formas específicas de renda. Assim, enquanto trabalhadores da classe média arcam com algo entre 10% e 20% do que ganham, bilionários pagam proporcionalmente menos — às vezes, até menos que famílias de renda alta ou média.

O fenômeno aparece em todos os países analisados, mas a queda é mais acentuada no Brasil. França, Espanha e Estados Unidos ainda conseguem manter alguma progressividade no topo, enquanto a Holanda apresenta uma trajetória mais próxima da brasileira.

Novo Imposto de Renda no Brasil é um primeiro passo

No Brasil, o relatório considera dados até 2023. Recentemente, o Congresso aprovou mudanças no Imposto de Renda que isentam trabalhadores que ganham até R$ 5 mil e estabelecem uma alíquota mínima de 10% para quem recebe a partir de R$ 600 mil ao ano — percentual que só passa a valer integralmente acima de R$ 1,2 milhão.

Apesar do avanço, especialistas apontam que isso ainda não ataca o principal problema: a dificuldade histórica do país em tributar grandes fortunas e rendimentos de capital. Como destaca Ricardo Gómez Carrera, coordenador do relatório, a América Latina não se destaca pela progressividade tributária — e, em alguns casos, chega a ser regressiva.

Ele lembra, porém, que a região é uma das que mais reduziu desigualdades via transferência de renda, como o Bolsa Família, que hoje beneficia mais de 18 milhões de famílias.

O relatório também chama atenção para um fenômeno maior: a própria estrutura financeira internacional favorece economias avançadas. Países que emitem moedas fortes têm acesso a juros mais baixos e conseguem acumular mais riqueza ao longo do tempo, enquanto nações em desenvolvimento enfrentam custos maiores, o que limita sua capacidade fiscal.

Os pesquisadores classificam isso como uma forma moderna de relação desigual entre países ricos e pobres.

Imposto global sobre grandes fortunas poderia arrecadar até US$ 1,3 trilhão

O estudo propõe três modelos de tributação global sobre os ultrarricos:

  • Imposto anual de 3% sobre bilionários e grandes milionários: arrecadaria cerca de US$ 750 bilhões por ano, equivalente a todo o orçamento educacional de países pobres e emergentes.
  • Imposto de 2% sobre patrimônios acima de US$ 100 milhões: geraria US$ 503 bilhões por ano, cerca de 0,45% do PIB mundial.
  • Tributo de 5%: levantaria US$ 1,3 trilhão por ano, equivalente a 1,11% do PIB global.

Para os autores, tributar uma pequena fatia das grandes fortunas daria aos governos mais espaço fiscal para investir em áreas estratégicas — como educação, saúde e transição climática — sem aumentar a carga sobre a classe média ou os mais pobres.

Compartilhe

Mais resultados...

Generic selectors
Apenas pesquisar exatas
Pesquisar no título
Pesquisar no conteúdo
Post Type Selectors

Receba notícias de interesse da categoria!

Informação confiável é no Sindicato, cadastre-se para receber informações!

O SEEB Santos e Região foi fundado em 11/01/1933. As cidades da base são: Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos, Cubatão, Guarujá e Bertioga. O Sindicato é filiado à Intersindical e a Federação Sindical Mundial (FSM).

 Política de Privacidade

  ACESSAR EMAIL

Fale Conosco