As ações do banco sangraram por dois dias seguidos, desde a divulgação do balanço e do novo plano estratégico
A forte queda levou a instituição financeira a perder R$ 27 bilhões em valor de mercado desde quarta-feira, 07/02. O Bradesco terminou a quinta-feira, 08/02, valendo R$ 138,8 bilhões na bolsa e foi ultrapassado pelo BTG Pactual.
As ações preferenciais, as mais líquidas, fecharam a sessão de ontem cotadas a R$ 13,56, em queda de 2,87%. Na véspera, haviam caído 15,9%. Entenda os motivos:
Balanço
Os números do quarto trimestre decepcionaram. O banco reportou lucro de R$ 2,878 bilhões, bem abaixo das projeções de analistas, que eram de R$ 4,647 bilhões na média. O banco fez provisões mais altas que o esperado para operações de atacado, o que ofuscou a melhora na inadimplência de pessoa física. A instituição também apresentou despesas operacionais elevadas. No resultado contábil, houve impacto também de uma provisão de R$ 570 milhões relacionada à reestruturação do banco.
Projeções
Mais do que o balanço em si, as projeções do Bradesco para 2024 incomodaram analistas e investidores. Os números do “guidance” mostram um ano ainda difícil e de baixo crescimento para o banco.
Segundo analistas, as projeções fornecidas pela instituições financeiras apontam para um lucro líquido de R$ 17 bilhões a R$ 18 bilhões neste ano — não muito melhor, portanto, que os R$ 16,3 bilhões obtidos em 2023.
O presidente do banco, Marcelo Noronha, afirmou que 2024 será um ano de “transição”, com melhora visível nos resultados só a partir de 2026.
Plano estratégico
Analistas consideram que o plano estratégico do Bradesco para os próximos cinco anos vai na direção correta, com simplificação na estrutura de gestão e uso mais intensivo de tecnologia. No entanto, houve pouco detalhamento das medidas. Ao mesmo tempo, a instituição financeira só prevê uma “normalização” de sua rentabilidade em 2026, o que também contribuiu para que os investidores reprecificassem as ações num patamar bem mais baixo.
Em entrevista, Noronha afirmou que optou por um plano mais demorado, porém mais aprofundado. “Prefiro surpreender do que prometer e não entregar”, disse.