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Doença relacionada ao trabalho é pesadelo dos bancários

17 de janeiro de 2013

Em 2011, em uma agência em São Paulo, um bancário pensa em pular de um dos andares do prédio. Há anos ele se sentia humilhado, desvalorizado e sofria assédio moral no trabalho. Mesmo assim, segundos antes de desistir da vida, ele pensa na família. Num impulso, volta o corpo para dentro e desiste do suicídio.

O caso choca, porém, situações extremas como essa já foram vividas por muitos bancários e exemplifica o limite do ser humano diante da pressão e humilhação constantes. Esse tipo de prática caminha junto à cobrança por metas e são do conhecimento da direção das instituições financeiras. O assédio moral faz muitas vítimas e também gera um prejuízo grande para a Previdência Social.

Os gastos com concessão de auxílios-doença passaram de R$ 1,51 bilhão em 2008 para R$ 2,11 bilhões em 2011. Os dados da Previdência Social apontam crescimento médio anual de 12% – no acumulado de 2012, até novembro, o valor pago chegou a R$ 2,02 bilhões.

O bancário que decidiu pela vida é um dos que recebe o benefício. Afastado há um ano e em tratamento, ele vive hoje com cerca de 40% menos e tem custos com remédios que chegam a R$ 300. “Fiquei sem receber o salário durante quase dois meses e também sem o benefício, o que acarretou uma série de complicações, como atraso de pagamento de prestações. Precisei fazer um empréstimo”, conta.

Para o advogado especializado em saúde do trabalhador Antônio Rebouças a Previdência Social deveria atuar, com efetividade, na prevenção das doenças relacionadas ao trabalho, adotando políticas amplas que contemplem desde a educação até a fiscalização das empresas. “Deveriam ser incrementadas ações regressivas, hoje propostas de forma relativamente inexpressiva, cobrando das empresas faltosas os gastos com benefícios. Outra providência é que as empresas fossem responsáveis pelos cuidados da reabilitação profissional para valer, o que hoje não ocorre. Há um dano social enorme que não vem merecendo a devida atenção.”

Menos metas, mais saúde

É necessário mudar o modelo de gestão dos bancos, pois a categoria está entre as que mais sofrem com doenças mentais associadas ao trabalho.

Segundo o relatório da Previdência, os auxílios-doença, previdenciários e acidentários, concedidos a trabalhadores por causa de depressão ou transtornos depressivos recorrentes aumentaram, em média, 5% nos últimos cinco anos, superando 82 mil ocorrências anuais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a jornada semanal média dos trabalhadores brasileiros não aumentou ao longo dos últimos quatro anos, mantendo-se em 39,9 horas semanais. No entanto, o estresse é bem maior.

Fonte: Contraf e SEEBSP

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