Corte no auxílio emergencial e desvalorização do salário mínimo pode piorar situação para as famílias de menor renda
A inflação continua impactando mais o custo de vida de pessoas com renda mais baixa. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a inflação, no ano, chega a 1,50% para famílias mais pobres, enquanto as famílias mais ricas têm uma deflação acumulada de 0,07%.
Na avaliação de Victor Pagani, supervisor do Dieese, com os anúncios recentes do governo Jair Bolsonaro, a situação é preocupante. “Estão anunciando o corte do auxílio emergencial e o fim da política de valorização do salário mínimo. Somando isso ao cenário de aceleração inflacionária, que só atinge as classes mais baixas, vamos agravar mais a desigualdade social”, alertou em entrevista à Rádio Brasil Atual.
O Ipea mostra que, só no mês de agosto, a inflação de famílias mais pobres, que possuem renda domiciliar menor do que R$ 900, teve variação de 0,38%. Por outro lado, os domicílios com renda maior que R$ 9 mil tiveram um impacto de 0,10% da inflação.
Inflação dos alimentos
O estudo aponta que o aumento das despesas está relacionado à alta no preço de alimentos, que formam o gasto com maior peso na cesta de consumo das famílias mais pobres. No ano, alimentos importantes para os brasileiros acumulam altas de preços: arroz (19,2%), feijão (35,9%), leite (23%) e ovos (7,1%).
O preço do arroz, por exemplo, disparou nas últimas semanas e um pacote de cinco quilos chega a custar R$ 40 nos supermercados. Segundo especialistas, os preços abusivos são resultados da política de livre mercado defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Todos esses cortes promovidos pelo governo federal impactam na atividade econômica, pois diminuem os rendimentos, acabando com a dinamização do mercado de consumo interno. O consumo das famílias representa 70% do PIB”, lamentou Pagani.
Fonte: Rede Brasil Atual com informações da Agência Brasil/EBC