Dados foram apresentados em ferramenta lançada pelo Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdade (Ceert)
Dados publicados às vésperas de 21 de março, Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, reforçam o que já se sabia: ainda há muito a percorrer para redução da desigualdade. Segundo levantamento do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), 41,5% das mulheres negras estavam subutilizadas no mercado de trabalho no fim de 2021. Para efeito de comparação, a subutilização entre os homens brancos era de cerca de 18% no mesmo período.
O IBGE considera que a taxa de subutilização inclui pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e a força de trabalho potencial.
Os dados constam do Painel do Mercado de Trabalho, que acaba de ser lançado e está disponível gratuitamente no site do Ceert. O painel mostra os principais dados raciais no universo do trabalho, e a ideia é manter a ferramenta em constante atualização. Novos estudos serão apresentados periodicamente, avaliando ainda questões como capacitismo, sexismo e LGBTQIAPfobia.
“A subutilização da força de trabalho negra, sobretudo da mulher negra, é muito grande, e esse problema aumentou durante a pandemia, que impactou diferentemente trabalhadores negros e brancos, sobretudo trabalhadoras negras nesse período”, pontuou a organização.
O diretor executivo do Ceert afirma que os números apurados não surpreendem, apenas dão luz a uma realidade que faz parte do cotidiano do país há muito tempo.
“O desafio é muito grande, e é necessário que, quando o novo governo pensar políticas públicas, não tenha mais a questão do antirracismo como um gueto de política pública, e sim algo que faça parte de forma estrutural, de forma sistêmica no olhar de quem engendra política pública no Brasil”, disse.
Para o Ceert, a promoção da igualdade racial é um dos grandes desafios do novo governo. Por isso a criação do Ministério da Igualdade Racial, comandado por Anielle Franco, foi celebrada.
“Hoje é preciso que o olhar seja de algo sistêmico de antirracismo nas políticas públicas, que permeie todas as políticas públicas, senão a gente vai continuar deixando mais da metade da população brasileira, que é a população negra, para trás, num projeto de desenvolvimento para o Brasil”, complementou.