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Cultura: Novo álbum reforça posição peculiar do Mombojó

23 de junho de 2010

Amigo do Tempo, terceiro trabalho da banda pernambucana, acaba de ser lançado.

Inteiramente independente, Amigo do Tempo, o terceiro álbum do grupo pernambucano Mombojó, segue a trilha intimista e introspectiva aberta por seus dois antecedores, Nadadenovo (2004) e Homem-Espuma (2006). É todo retraído, às vezes ao ponto do hermetismo. E ressalta a posição peculiar do Mombojó nisso que se costuma chamar cena independente da música brasileira atual.

Apesar do tom às vezes quase antipopular de novos rocks hipnóticos-hipnotizados como “Praia da Solidão”, “Antimonotonia” e “Triste Demais”, a banda tem sido das mais hábeis em reverter estranhezas em presença de palco e comunicação direta com um público restrito, porém fiel. Adicionado a isso, há o fato de o Mombojó ser uma banda eleita pela crítica musical, que em geral evita encontrar pontos desfavoráveis em sua obra.

Estaríamos, talvez, dentro dos limites da empatia mútua (e algo autista) entre o circuito “indie” e o jornalismo comercial que se projeta elogiando as melhores bandas anticomercias de todos os tempos da última semana. Um fã de Cláudia Leitte provavelmente concluiria que essa aliança explica os porquês de o Mombojó ser muito mais cultuado que consumido (e criticado).

O interessante é que a própria banda não parece totalmente confortável dentro desses limites, clichês e amarras. Unidos ao cantor China, integrantes do Mombojó inventaram, nas horas ditas vagas, uma segunda banda, chamada Del Rey e dedicada a fazer releituras pop-brega-rock-pernambucanas do repertório histórico de Roberto Carlos. O Del Rey não chega a ser “mainstream” nem arranhou, até aqui, o público de Cláudia Leitte, mas com o tempo foi se consumando como alma gêmea e complementar do Mombojó, em sentidos amplos e variados.

O dinheiro ganho pelo Del Rey em shows ajuda o Mombojó a sobreviver e ajudou a viabilizar a gravação de Amigo do Tempo sem gravadora e sem auxílio de leis de incentivo – a vida é dura, e o núcleo formado por China e os Mombojós consegue se movimentar sendo independente, independente mesmo.

A inventiva amálgama vai além de questões econômicas e financeiras. O Del Rey extravasa o espírito pop dos rapazes do Mombojó, assim como o experimentalismo da banda original enriquece a diversão dos shows da banda-cover. A simbiose é comercial, mas revela-se artística também.

Nos anos saudosos do lucro na indústria fonográfica, “lordes” “nobres” como Chico Buarque sustentavam-se nas gravadoras graças ao lucro obtido por “operários” “plebeus” como Agnaldo Timóteo. Hoje, sem indústria fonográfica, a criatura Del Mombojó Rey transpira e se diverte sendo a um só tempo o Caetano Veloso e o Odair José de si própria. Sabe, faz a hora, não espera acontecer e acontece, mesmo que seja aos trancos e barrancos.

Artisticamente (para ir um pouco contra a corrente da crítica musical), Amigo do Tempo soa tímido, em medida inversamente proporcional à ousadia conceitual que o Del Rey não cansa de exprimir renindo no mesmo palco o lado mais “cult” e o lado mais “brega” do “rei” Roberto. Mombojó é Rita Lee com os Mutantes, Del Rey é Rita Lee com Roberto de Carvalho. E, nesse quebra-cabeça, o novo disco da banda primeira ofusca o lado Beatles da banda, quem sabe pela ansiedade de pagar tributo a Velvet Underground e/ou gênios que o valham (e/ou pelas dificuldade$ em convencer Roberto Carlos a autorizar um disco do Del Rey com suas músicas).

Mas os rapazes são batutas e têm um futuro promissor à frente – se com tão pouco já quebraram a dicotomia e o maniqueísmo Chico versus Agnaldo que enriqueceu e levou ao buraco a indústria musical, imagine quando conseguirem fundir Mombojó e Del Rey numa mesma banda, num mesmo disco. Raul Seixas enviará uma chuva de aplausos diretamente do Olimpo da música, quando isso acontecer.
Fonte: i

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