fbpx
Início Notícias Crônica: O bancário no século XXI
Notícias

Crônica: O bancário no século XXI

27 de janeiro de 2009

Ruy Fernando Amado Loyola
Pois é, quem trabalha em banco há mais de 11 anos, portanto ainda no século passado,  pode fazer a comparação de como era trabalhar em um banco e como é agora.

Infelizmente e sem ser saudosista o bancário atual não é nem um pouco feliz, salvo algumas exceções é claro, senão vejamos:
Os bancos do século passado tinham donos, que como todo banqueiro adorava muito dinheiro, mas mantinha os funcionários por longo tempo nas empresas.

As demissões ocorriam raramente e os funcionários acabavam gozando de uma boa estabilidade que lhes possibilitava planejar o seu futuro acreditando realmente em um amanhã, o salário recebido não era dos maiores, mas com certeza comparando com o atual, possibilitava ao bancário ter uma vida digna diria até confortável para ele e a família e não venham dizer que naquela época o bancário ganhava bem e trabalhava pouco.

Não era bem assim , muito pelo contrário, o bancário trabalhava muito, pois os serviços eram poucos automatizados exigindo do bancário um conhecimento macro dos seus serviços e muito esforço pessoal.

Na carreira bancária, o primeiro passo era como agora, ser escriturário, porém para o funcionário ser promovido demandava um bom tempo de serviço, bem como conhecimento provenientes de se trabalhar em diversas funções que hoje não existem mais, como cadastro, cobrança, talão de cheques, arrecadação, contabilidade, compensação etc.

Ora, após toda essa bagagem, normalmente por merecimento era promovido gradualmente dentro da agência até finalmente chegar ao tão almejado cargo de gerente, normalmente já estava na casa dos trinta e poucos anos um tanto maduro para encarar o novo desafio.

E hoje o que ocorre com o processo da globalização, grandes empresas querem e precisam cada vez mais ganhar posições de seus concorrentes, para poder se situar cada vez melhor em relação aos demais, maximizar cada vez mais os seus resultados, para dar um grande retorno ao patrão que nos bancos atuais, diferentemente do século passado não tem mais donos.

O patrão agora é o acionista que pressiona sempre por um lucro maior, pois senão ele vende suas ações e vai colocar o seu dinheiro no banco concorrente cujo resultado e perspectivas são melhores. Mesmo que ele não saiba nem onde fica a matriz do banco, o que importa são os números e para alcançar os resultados pisa em quem estiver na frente, que no nosso caso o primeiro a ser explorado é o bancário e o segundo os clientes.

Em Reunião do conselho do banco com o representante dos acionistas, o papo é assim:
Dr. presidente do conselho, o semestre próximo passado não atingiu as nossas perspectivas, pois tivemos um lucro de 25% a mais que no semestre passado. Porém, projetávamos 40%, o que o Sr. pensa em fazer a respeito disso.

O Dr. Presidente diz: tenho certeza que no próximo semestre recuperaremos esses números e vou tomar as providências para tal.

O Dr. presidente do conselho se reúne com o presidente do banco e seus executivos e daí por diante o coro come e saem da reunião com a certeza que para eles ganharem bônus milionários no final do ano, é preciso explorar seus subordinados

Os superintendentes reúnem seus diretores regionais e ameaçam todos de terem suas cabeças cortadas e bônus milionários diminuídos senão melhorarem os resultados como os acionistas pretendem.

Os regionais reúnem suas equipes e todos seus gerentes gerais e a batata assa para todo mundo.
E ai colega, finalmente entra você nessa história. Você que não tem bônus milionários. Você que não tem carro de luxo, nem cobertura, nem casa de campo e também não vai para o exterior todo bimestre. Você que já está no limite do estresse, numa agência com pouquíssimos funcionários, serviços de retaguarda ruins, produtos caros, sem autonomia nenhuma, sistema lento, um monte de abobrinhas nas contas dos clientes, um monte de reclamação dos clientes e o que é pior a maioria das reclamações procede, diretoria pressionando sem querer saber os problemas. Sabe o que acontece você não consegue atingir as metas e te passam a ideia de que você é incompetente e é isso mesmo que eles querem. Dar a impressão que você tem todas as condições possíveis. Que você tem um ótimo salário, trabalha no melhor banco do mundo, ótimo ambiente de trabalho, excelentes condições comerciais e se não consegue os resultados a culpa é toda sua e o pior é que você concorda com isso e vai para casa convencido que é um derrotado e que precisa mudar isso e mostrar para os seus chefes e colegas que você é capaz.

Por incrível que pareça, você está convencido que precisa fazer mais e melhor e o pior de tudo isso é que após muitos momentos de angústia e depressão você consegue atingir as metas e como num passe de mágica o chefe te chama e desdiz tudo a seu respeito. Agora você não é mais um incompetente, muito pelo contrário vão te usar como exemplo de superação e orgulho de um bancário bem sucedido. Claro que somente por um mês, por que banqueiro tem memória de 30 dias e você vai finalmente para casa levando a sensação da missão cumprida, vai dormir o sono dos anjos pelo menos por um dia, pois no dia seguinte começa tudo de novo.

É assim que eu vejo o bancário atual é assim que eu me sinto em relação ao meu emprego, sei que eles não vão mudar. Muito pelo contrário a ambição só aumenta e eu sozinho não tenho como mudar isso, tenho que fazer de conta que aceito e gosto do sistema.

Falar aquelas frases feitas como: juntos, realizar sonhos, o cliente em primeiro lugar, vamos construir um banco melhor pensando na comunidade, tudo papo furado, o que vale é o lucro o resto é perfumaria.

Mas não tem solução momentânea a não ser continuar vendendo a alma ao diabo, preciso sobreviver para manter a minha vidinha burguesa, pagar as minhas contas, ver meu futebol e tomar minhas cervejinhas e assim vamos em frente.

Gente esse é um desabafo Real/Santander de um bancário que mais parece um zumbi seguindo em frente, se você se sente assim como ele, retrate a sua situação para que possamos discutir muito a respeito e procurar uma solução , temos certeza que nos do sindicato junto com vocês podemos gradualmente melhorar esse quadro, pois pior que está não fica e vocês não estão sozinhos, contêm conosco.

Compartilhe

Mais resultados...

Generic selectors
Apenas pesquisar exatas
Pesquisar no título
Pesquisar no conteúdo
Post Type Selectors

Receba notícias de interesse da categoria!

Informação confiável é no Sindicato, cadastre-se para receber informações!

O SEEB Santos e Região foi fundado em 11/01/1933. As cidades da base são: Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos, Cubatão, Guarujá e Bertioga. O Sindicato é filiado à Intersindical e a Federação Sindical Mundial (FSM).

  ACESSAR EMAIL

Fale Conosco

2022 | Permitida a reprodução desde que citada a fonte.

Licença Creative Commons