O Congresso da Classe Trabalhadora, ocorrido no último final de semana, tinha tudo para ser vitorioso.
O Congresso da Classe Trabalhadora, ocorrido no último final de semana, tinha tudo para ser vitorioso. Produto de um processo de intensos debates que mobilizou milhares de trabalhadores e trabalhadoras em mais de 900 assembléias de base para eleição de delegados, o Congresso seria o coroamento da unidade em uma Central de luta, democrática, autônoma e internacionalista.
Infelizmente, a política do PSTU derrotou esse processo unitário. No fundo, a imposição de um nome que parcela significativa das delegadas e delegados rejeitavam – e que sequer foi debatido nas assembléias de base – demonstrou a concepção hegemonista e desrespeitosa do setor majoritário da Conlutas para com as demais organizações.
Foi contra essa concepção hegemonista que a militância presente no Congresso se rebelou.
Intersindical, MTST, Unidos Pra Lutar, MAS, Pastoral Operária, Terra Livre, além de outros setores independentes, tinham claro que a tarefa ali era fundar um novo instrumento e não aceitar a anexação de todos a um projeto cristalizado, reconhecidamente insuficiente para enfrentar os desafios do próximo período.
Em quase um ano e meio de debates, a proposta de nome Conlutas Intersindical jamais apareceu. Desde a plenária no FSM de Belém, passando pelo seminário nacional em abril de 2009, por seminários em praticamente todos os estados, e no Seminário Nacional da Reorganização nos dias 01 e 02 de novembro de 2009, o que se debateu foram as bases políticas para a construção de uma nova central. Em todos esses fóruns houve intensos debates que permitiram localizar as divergências que seriam levadas a voto: caráter, natureza e funcionamento da direção da “nova” central.
No final de abril começamos a ouvir rumores de que o PSTU defenderia o nome Conlutas Intersindical. À exceção daquele partido, TODAS AS ORGANIZAÇÕES QUE PARTICIPAM DO PROCESSO, INCLUSIVE OS DIVERSOS SETORES DA CONLUTAS, se posicionavam contrárias a essa proposta. Durante os Congressos, porém, algumas foram “convencidas”.
Já na manhã do sábado, dia 05, no início do Congresso, a militância da Intersindical e sua Coordenação Nacional desautorizaram a utilização do nome da Intersindical para denominar a nova organização. Mesmo assim, os companheiros do PSTU insistiram em sua proposta desrespeitosa e divisionista.
A agitação rasa e desprovida de conteúdo realizada pela maior liderança do PSTU e da Conlutas acirraram os ânimos das diversas delegações que se sentiram desrespeitadas por uma imposição que violenta a identidade de militantes que estavam ali para debater um novo instrumento, e não para legitimar a prática do hegemonismo tão nociva à unidade dos trabalhadores.
Diante da situação criada pelo sectarismo hegemonista, dezenas de delegados, de diversas organizações, começaram a se retirar do plenário ainda antes de iniciar a votação.
É preciso que fique claro que houve uma reação espontânea de uma militância que está cansada do hegemonismo e da imposição de uma proposta que sequer for debatida com os trabalhadores nos fóruns de base.
Continuamos convencidos da necessidade de construir um instrumento de uma central unitária. Esperamos que a direção do PSTU reveja sua posição e seus métodos para permitir que todo o esforço político, militante, financeiro e de debates possa convergir na unidade em uma central democrática, combativa, independente dos patrões, dos governos e dos partidos políticos.
Todos sabemos que divididos não teremos força para impedir que o governo Lula vete o projeto que acaba com o fator previdenciário e o reajuste dos aposentados. Todos sabemos que divididos a criminalização da pobreza e das lutas sociais podem aumentar. Todos sabemos que nenhum setor sozinho pode resistir aos ataques dos patrões e governos que buscam resolver a crise do capital.
Essa central unitária é uma necessidade da classe trabalhadora e não um capricho da “vanguarda esclarecida”, por isso seguimos confiantes de que estaremos todos numa central de trabalhadores para lutar na defesa dos interesses imediatos e históricos dos que vivem do trabalho.
Esperamos que a apropriação indébita do nome da Intersindical seja revista e que possamos, todos juntos, encontrar uma denominação para a central que dialogue para fora, que não fique presa ao internismo sectário, concluindo assim as tarefas colocadas para o Congresso da Classe Trabalhadora que ainda não acabou.
Fonte: Edson Carneiro Indio – membro da Coordenação Nacional da Intersindical