Empregados cobraram fim das funções por minuto e correção de discrepâncias nas remunerações de funções que exercem tarefa semelhante; veja calendário das próximas mesas
A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reuniu com o banco nesta terça-feira (2) e iniciou a negociação para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) das empregadas e empregados do banco.
Para a representação dos empregados, a Caixa pode aumentar seus lucros e rentabilidade mantendo sua principal característica, que é atender a faixa mais carente da população.
“Hoje vemos, em qualquer calçadão comercial, diversas instituições financeiras não bancárias oferecendo serviços, principalmente na linha de crédito. Muito disso se deve ao fato de a Caixa ter expulsado seus clientes das agências, que foram empurrados para as lotéricas e outros correspondentes bancários”, disse o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e coordenador da CEE, Rafael de Castro. “A Caixa precisa repensar suas estratégias, sem esquecer seu tamanho e importância para o país, nem deixar de lado sua característica principal, que é atender e oferecer serviços bancários e crédito para a população que mais precisa”, completou.
Função por minuto
A representação das empregadas e empregados cobrou que a Caixa designe funções apenas de forma efetiva ou por substituição, e não faça mais qualquer tipo de designação por minuto, seja para o cumprimento de tarefas de caixas, seja de tesoureiros. Isso traz prejuízos aos empregados, que exercem a mesma tarefa com salários diferentes.
Equiparação salarial
A representação dos empregados solicitou que o banco equipare a remuneração de colegas que cumprem a mesma tarefa, mas que, devido a processos de reestruturação, passaram a ter remunerações diferentes.
A minuta de reivindicações entregue solicita a criação de um grupo de trabalho, com duração prevista de seis meses, para fazer a revisão dos atuais Plano de Funções Gratificadas e Plano de Cargos e Salários, visando corrigir diversas distorções criadas após a implementação de mudanças promovidas unilateralmente pela empresa e também pelas próprias mudanças previstas com as novas estruturas que estão sendo criadas, como as agências digitais.
Ascensão na carreira
Dois artigos (64 e 65) da minuta de reivindicações tratam da ascensão na carreira. Os empregados querem que seja estabelecido um Grupo de Trabalho paritário, entre trabalhadores e o banco, para tratar dos parâmetros dos processos seletivos internos, bem como da sua transparência.
Além disso, querem participar da formulação dos descritivos das funções, que constam nos normativos da Caixa e regem os processos seletivos internos, ou seja, maior regulamentação, inclusive para descomissionamento.
Contratações
A diretora executiva da Contraf, Eliana Brasil, apresentou dados de um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos balanços do banco, que mostram que, do final de 2014, quando o banco possuía 101.484 empregados, até o encerramento do primeiro trimestre de 2024, quando o quadro de pessoal chegou aos 86.794 empregados, houve uma queda 14.690 postos de trabalho, redução de 14,5%. Neste mesmo período, o número total de contas bancárias na Caixa rumou em sentido inverso. Saltou de 84,9 milhões para 233,3 milhões, crescimento de quase 175%.
Eliana trouxe também dados sobre os afastamentos para tratamento de saúde por questões relacionadas diretamente ao trabalho (B91), que aumentaram de 401 afastamentos em 2014, para 524 afastamentos em 2022, segundo o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Na comparação com os demais trabalhadores a incidência de afastamentos das empregadas e empregados da Caixa chega a quase o dobro. No mercado de trabalho em geral a incidência de afastamentos é de 3,1/1000 trabalhadores. Na Caixa, a incidência é de 6/1000.
“E é triste ver esses números que mostram a Caixa sendo reduzida. Pois o trabalho social que ela realiza em todo o país é gigantesco. Quando a gente roda pelo Brasil apresentando números que mostram a importância da Caixa, todo mundo fica alucinado! Vereadores, prefeitos e até deputados e governadores se espantam quando veem a importância que a Caixa tem para a economia e para o desenvolvimento social de seus estados e municípios”, observou Eliana Brasil. “Por isso, defendemos que quanto maior o número de agências e empregados, melhor para o país. E a Caixa tem condições de manter tudo isso se continuar a trabalhar com uma estratégia voltada para seu foco principal, que é o atendimento da população brasileira”, completou.
Programas de avaliações de desempenho
Os empregados reivindicaram que a Caixa negocie as regras e a aplicação dos programas de avaliações de desempenho com a mesa de negociação permanente.
O objetivo é que o empregado precisa ser avaliado e também precisa avaliar sua chefia imediata. Inclusive na questão da promoção por mérito.
Os sindicalistas criticavam o GDP (programa de Gestão de Desempenho de Pessoas), que foi extinto e substituído pelo Minha Trajetória, que surgiu como promessa de que acabaria com todos os problemas de avaliação de desempenho e assédio moral, mas o que houve foi apenas uma mudança de nome.
Calendário de negociações
A Caixa apresentou uma proposta de calendário para as negociações de renovação do ACT das empregadas e empregados. As reuniões serão realizadas no dia seguinte ao das reuniões entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária. Segue abaixo o cronograma.
Os temas serão definidos ainda nesta semana.
Próximas mesas de negociação com a Caixa
12 de julho
19 de julho
26 de julho
7 de agosto
14 de agosto
21 de agosto
28 de agosto