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Brasil lidera ranking com juros de cartão de crédito de até 238% ao ano

9 de março de 2012

O Brasil tem os maiores juros do mundo no cartão de crédito, mas poucos clientes pagam essas taxas – 81% das transações são consideradas à vista e 70% das compras parceladas são sem o pagamento de juros.

Os dados fazem parte de estudo da consultoria britânica Lafferty, que aponta o Brasil como um dos poucos países no mundo em que o cartão de crédito é mais utilizado como um meio de pagamento do que de financiamento do consumo. 
Com os juros do cartão batendo 238,3% ao ano, segundo a Anefac, só 29% do valor das faturas não são pagas no vencimento e acabam submetidas as taxas do crédito rotativo, segundo a consultoria. 
Isso faz do brasileiro um dos consumidores menos pendurados no cartão de crédito. Nos EUA, cartão de crédito é praticamente sinônimo de rotativo. No México, o rotativo chegou a 84% das faturas durante a crise de 2009 e caiu para 73% em 2011. 
Para a consultoria, “benefícios generosos” como o parcelamento de até 12 vezes sem juros e prazo de até 40 dias entre a compra e o pagamento da fatura – o “melhor dia” para a compra – explicam por que o cartão de crédito mais do que se universalizou no país. Para cada 100 brasileiros, havia 114 cartões de crédito no final de 2011. 
“As compras parceladas sem juros fomentam as vendas do varejo. O crédito rotativo é usado para emergência”, disse Marcelo Noronha, diretor da Abecs (associação das empresas de cartão). 
“A consequência desse modelo de negócio pouco usual no Brasil é a taxa alta de juros do crédito rotativo”, diz a Lafferty. 
Resistente a crises, o modelo brasileiro de compra parcelada sem juros foi testado na Argentina, na Colômbia e no México. O sucesso, porém, foi limitado a promoções para vender TVs e carros. Para o banco, a conta não fechava devido ao juro baixo e às poucas tarifas do cartão. 
No Brasil, os custos do parcelamento sem juros são bancados pelo consumidor e pelos lojistas por meio de tarifas como anualidade e do processamento das transações – 2,5% do valor fica para a empresa de cartões.
Segundo as entidades de defesa do consumidor, o lojista “embute” no preço o custo do parcelamento sem juro. 

Fonte: Contraf com Folha de S.Paulo

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