Mesmo lucrando R$ 17,4 bilhões no primeiro trimestre de 2017, instituições financeiras seguem pagando menos às mulheres e praticando rotatividade, com demissão de funcionários que ganham mais e contratação de novos empregados com salários menores.
Apesar de manter a trajetória de lucros cada vez maiores, os bancos seguem mandando trabalhadores para a rua. Nos primeiros quatro meses de 2018, foram eliminados 2.347 postos de trabalho. Apenas em abril foram extintas 121 vagas. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo Ministério do Trabalho.
A sobrecarga de trabalho e os lucros cada vez maiores reforçam não haver razão para cortes de postos de trabalho nos bancos.
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Pelo contrário. Apenas comprovam que essas instituições financeiras contribuem muito pouco com a sociedade brasileira que, por meio do pagamento de juros e altas tarifas, é a responsável direta pelos altíssimos lucros obtidos por essas empresas, que em troca oferecem apenas demissões e atendimento insatisfatório devido a falta de funcionários.
De acordo com dados dos balanços das instituições financeiras, os cinco maiores bancos que atuam no país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander) eliminaram 16,9 mil postos de trabalho somente em 2017. Levando em conta todo o setor bancário, segundo o Caged, o número de vagas extintas no ano passado chegou a 17,5 mil.
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Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander – os quatro maiores bancos múltiplos com carteira comercial que atuam no país –, lucraram R$ 17,4 bilhões apenas nos três primeiros meses de 2018.
No período, o Banco do Brasil atingiu lucro líquido ajustado de R$ 3 bilhões, crescimento de 20,3% em relação ao primeiro trimestre de 2017. O Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 5,1 bilhões, alta de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O Itaú obteve lucro líquido recorrente de R$ 6,4 bilhões, crescimento de 3,9% em relação a igual período do ano passado. O Santander alcançou lucro de R$ 2,9 bilhões, alta de 25,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
A Caixa ainda não divulgou seu lucro trimestral, e junto com os outros quatro bancos citados acima, responde por aproximadamente 90% dos empregos do setor bancário.
Salários mais baixos
Os bancos não lucram apenas com o fechamento de postos de trabalho. A alta rotatividade com redução salarial é outra maneira encontrada por esses conglemerados para aumentar os ganhos.
De janeiro a abril, os bancários admitidos recebiam, em média, R$ 4.007, enquanto os desligados tinham remuneração média de R$ 6.607. Ou seja, os admitidos entram ganhando 61% do que os que saem.
Discriminação de gênero
A discriminação de gênero é outra realidade nos bancos. Em abril, as bancárias mulheres foram contratadas com média salarial de R$ 3.245, o que equivale a 72% do salário médio dos bancários homens, que no mesmo mês foram admitidos com média salarial de R$ 4.488. As bancárias demitidas recebiam, em média, R$ 5.549, equivalente a 73% do salário médio dos homens desligados que ganhavam R$ 7.579.
Os bancos se preocupam em passar a imagem de modernidade nas suas campanhas publicitárias, mas a diferença salarial entre seus funcionários homens e mulheres comprovam que a mentalidade dessas empresas ainda está presa no século 20.
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Fonte: SEEB SP