Fenaban tenta empurrar retirada de direitos e precarização; Comando rejeita e negociações continuam nesta quarta (21), com a exigência de que os bancos retornem com índices de aumento
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) veio à mesa da 8ª negociação, ontem terça-feira (20/08/24), sem apresentar propostas de reajustes, propondo a precarização e a retirada dos direitos da Convenção Coletiva dos Bancários (CCT), prontamente negada pelos representantes dos trabalhadores.
Entre os itens da CCT que a Fenaban atacou em suas propostas estão a participação nos lucros e resultados (PLR) e vales alimentação e refeição. Imediatamente rechaçado pelos sindicalistas.
O movimento sindical bancário reafirmou aos banqueiros que: setores no país que fizeram negociações salariais, entre janeiro e junho deste ano, 86% obtiveram aumento real. São setores que apresentam lucros e rentabilidades muito inferiores aos bancos e, ainda assim, tiveram reajuste salarial acima da inflação. Lembrando que em 2023, os bancos tiveram lucro de R$ 145 bilhões e a economia no Brasil está crescendo.
Houve uma pausa na reunião e, no retorno, os bancos voltaram com a proposta de precarização dos direitos, desta vez, a partir da segmentação da CCT por porte de banco. A proposta foi recusada terminantemente pelo Comando. O argumento utilizado pela Fenaban, e bastante fragilizado, foi a existência de pequenos bancos que não alcançam os mesmos lucros e retornos sobre o patrimônio líquido.
Sobre esse ponto, o Comando Nacional rebateu que a comparação não é válida, apontando exemplos de bancos menores que praticam taxas de juros abusivas e que faz com que haja inadimplência elevada.
A culpa é da exploração
Em um dos exemplos de banco utilizados pela Fenaban na mesa de negociação, aparece no site do Banco Central como sendo o 2º com a maior taxa de juros do cartão de crédito no país: 994% ao ano, ou 22% ao mês. Portanto, se o banco tem dificuldades de rentabilidade e lucro, esse problema não é por causa do pagamento com o pessoal, e sim porque prática taxas de juros abusivas, que faz com que tenha uma inadimplência de 14%, enquanto a média do sistema financeiro é 3,3%.
O Comando Nacional pontuou que os bancos estão usando esse argumento na mesa para rebaixar o reajuste salarial, o que os bancários e bancárias não vão aceitar.
Após cobrança do Comando, a Fenaban se comprometeu a trazer o índice na reunião que irá prosseguir nesta quarta-feira (21).