A Campanha salarial 2022 dos bancários foi realizada durante um governo que promoveu e incentivou sucessivos ataques aos trabalhadores e aos seus sindicatos
Depois da divulgação do índice de inflação (INPC de 4,06%) no mês de agosto, o reajuste da categoria dos bancários em 2023 será de 4,58% (INPC mais 0,5% de aumento real). “Esse índice reflete também na PLR. Que está sendo paga e é uma conquista da luta dos bancários, desde 1995.A primeira parcela da PLR deve ser paga até o dia 30 deste mês de setembro de 2023, assim como o reajuste”, lembra Élcio Quinta, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
A Campanha Nacional Unificada de 2022, com validade de dois anos, representou avanços para a categoria. Os bancários acompanharam a difícil negociação, que teve quase 20 rodadas de reuniões, em mais de 70 dias de campanha de rua, redes sociais, de consultas, assembleias e plenárias.
Após muita pressão, os bancos recuaram e apresentaram proposta ao Comando Nacional dos Bancários com acordo de dois anos, com aumento de 10% em vales alimentação (VA) e refeição (VR), mais uma 14ª cesta alimentação de R$ 1 mil paga somente este ano (até outubro); e reajuste de 13% para a parcela adicional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em 2022. Para 2023, a proposta prevê aumento real de 0,5% (INPC + 0,5%) para salários, PLR, VA/VR e demais cláusulas econômicas.
Governo atacava os trabalhadores
A Campanha da categoria estava sob um governo que promovia e incentivava sucessivos ataques aos trabalhadores e aos seus sindicatos. Foi preciso muita pressão e negociação para os bancários conquistarem aumento acima da inflação para os vales alimentação e refeição e pela primeira vez, conseguiram incluir uma cláusula que permite acompanhar a cobranças de metas, que são absurdas na opinião dos sindicalistas.
Todas as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria poderiam ser encerradas pelo fim da Ultratividade imposto na reforma trabalhista de Michel Temer, mas foram mantidas e novas garantias alcançadas como a regulamentação do teletrabalho que prevê o controle de jornada, direito à desconexão, fornecimento de equipamentos para teletrabalho, promoção da saúde do trabalhador e igualdade de tratamento que inclui todos os benefícios.
Para explicar melhor a Ultratividade, “a partir de 1º de setembro (data-base da categoria) todos os direitos contidos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) são suspensos pelo fim da ULTRATIVIDADE que renovava automaticamente as cláusulas sociais, o que dá a faca e o queijo na mão do patrão. Os bancos podem cortar tíquetes, plano de saúde, PLR para pressionar pelo fim da greve e impor corte de direitos no Acordo Coletivo”, afirma Eneida Koury, secretária de Finanças do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Reajuste esquenta economia
O reajuste salarial conquistado pelos trabalhadores da Categoria Bancária na Campanha Salarial de 2022 de 4,58%, representa um acréscimo anual de cerca de R$ 2,7 bilhões na economia brasileira. A massa salarial anual da categoria soma R$ 62 bilhões.
No que se refere aos auxílios alimentação e refeição da Categoria Bancária haverá um impacto adicional de R$ 456,9 milhões no período de um ano. Anualmente o valor total recebido pela categoria como auxílios alimentação e refeição é superior a R$ 10,4 bilhões com impacto expressivo em restaurantes, lanchonetes e supermercados de todo o país.
Cada bancário recebe anualmente, R$ 23.597,95 a título de VA / VR, tal valor é quase 40% superior ao valor anualizado do salário mínimo (incluindo 13º salário). O valor do piso da categoria, Caixa e Tesoureiro, inicial é de R$ 3.514,86 é 2,6 vezes superior ao salário mínimo.