“Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral”, questiona a entidade em nota. “Quem está ao lado dos indesejados vai ser indesejado”, disse padre Júlio em entrevista
A Arquidiocese de São Paulo divulgou nota em que manifesta “perplexidade” sobre a iniciativa da Câmara paulistana de instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigaria, entre outros temas, a atuação do padre Júlio Lancellotti. “Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral”, diz a entidade em nota.
O pedido foi feito em dezembro pelo vereador Rubinho Nunes (União), corregedor reeleito da Câmara e ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL). O requerimento não nomina nenhuma ONG especificamente, mas o parlamentar citou duas entidades (Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto e Craco Resiste), além da atuação do padre Júlio.
A Arquidiocese lembra ainda que ele não é um parlamentar, mas vigário episcopal para o povo de rua. Assim, “exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade”. Na nota, a instituição reitera “a importância do trabalho da Igreja junto aos mais pobres da sociedade”.
A Câmara volta do recesso em fevereiro. O pedido do vereador passará pelo Colégio de Líderes.
Manifestações de solidariedade
Entre as várias manifestações de solidariedade ao padre Júlio, a chef e apresentadora Paola Carosella publicou mensagem nesta quinta-feira (4). “Não consigo entender o que motiva um vereador abrir uma CPI contra alguém que dedica a sua vida a ajudar a quem mais precisa. Não consigo. Mas é isso que está acontecendo. Vamos doar para o Padre continuar fazendo esse trabalho que é só amor. Padre Júlio é Amor”, escreveu.
Ao programa Em Ponto Entrevista, da GloboNews, o religioso disse que vê uma tentativa de desviar o foco da questão, como a dependência química. “Essa criminalização de algumas pessoas, de alguns movimentos ou de algumas entidades é uma forma de não enfrentar com clareza e profundidade a questão que está em foco”, afirmou o padre. “A lógica é quem quem está do lado dos indesejados vai ser indesejado”.