Resultado da ‘política do veneno’, 21 agrotóxicos são encontrados em alimentos industrializados para bebês comercializados em São Paulo
Pesquisa divulgada pela revista Food Control mostrou que foram encontrados 21 agrotóxicos (incluindo fungicidas, inseticidas e herbicidas) e quatro toxinas produzidas por fungos do gênero Aspergillus (aflatoxinas) em 50 amostras de alimentos industrializados para bebês comercializados em supermercados no Estado de São Paulo.
O estudo foi conduzido pela engenheira de alimentos Rafaela Prata, com apoio da FAPESP. Em sua fala para a Agência Fapesp, Prata disse: “Encontramos resíduos de pesticidas em 68% das amostras analisadas de alimentos infantis. No recorte por composição e sabor, 47% das papinhas com frutas apresentaram pelo menos um resíduo de agrotóxico, índice que foi de 85% para as comidas de bebês à base de carne e vegetais”.
Segundo traz a reportagem de Monica Tarantino, embora as concentrações dos agrotóxicos identificados fiquem abaixo dos limites máximos de resíduos estabelecidos pela legislação europeia desde 2006 – base padrão do estudo – o que chama a atenção é que não existe legislação no Brasil sobre limitar a concentração de resíduos de agrotóxicos em alimentos infantis.
Como exemplo, foi encontrado nas amostras o metabólito sulfóxido de aldicarbe – raticida conhecido como “chumbinho”. O pesticida altamente tóxico é proibido no Brasil desde 2012. Ainda que sejam apenas traços da substância, que se degrada em algumas semanas no solo e somente causa intoxicação em altas concentrações, fica o indicativo de que uma substância proibida continua sendo utilizada nas lavouras.
‘Política do Veneno’
Registros do Ministério da Saúde apontam que durante o governo Bolsonaro, entre 2019 e março de 2022, 14.549 pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos no Brasil, destas, 439 morreram, ou seja, um óbito a cada três dias. Os dados foram levantados pela reportagem da Agência Pública e Repórter Brasil.
Nesse período, o Brasil bateu o recorde de aprovações de pesticidas, com mais de 1.800 novos registros, metade deles já proibidos na Europa.
Não por acaso os resultados trazidos pela pesquisa que encontrou agrotóxicos em alimentos infantis revelam o triste legado do incentivo da “política de veneno” adotada durante o governo Bolsonaro.