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Mais de 14 milhões de brasileiros deixam a pobreza sob o governo Lula

Lyon Santos/MDS

11 de setembro de 2025

Entre maio de 2023 e julho de 2025, durante o governo Lula, o Brasil reduziu em 25% o número de famílias em situação de pobreza no Cadastro Único. Foram 6,55 milhões de famílias que ultrapassaram a linha de renda de R$ 218 por pessoa ao mês — o equivalente a 14,17 milhões de brasileiros.

Para o pesquisador Marcelo Neri, diretor da FGV Social, os dados confirmam uma tendência inédita: a queda consistente da desigualdade desde 2024.

“Isso não é só um dado estatístico — é uma revolução silenciosa. É um sinal muito bem-vindo”, diz Neri ao Portal Vermelho. “Estamos vendo a renda dos 50% mais pobres crescer quase cinco vezes mais rápido que a dos 10% mais ricos. Em 2025, a renda do trabalho na base cresceu 9,8%, enquanto no topo, apenas 2%. Isso é distribuição com crescimento — e não o contrário. Isso mostra que o bolo está crescendo com mais fermento na base da distribuição”

Ele lembra que em 2024 o Brasil atingiu o menor nível de desigualdade desde o início da série histórica, em 1960 — e os dados de 2025 mostram que a queda continua. “Estamos falando de um movimento que não víamos de forma tão sistemática há anos.” “Estamos chegando a 0,5 no índice de Gini — o ‘Cabo da Boa Esperança’ da desigualdade. Ainda não dobramos essa curva, mas estamos no caminho.” Neri se refere ao índice Gini de desigualdade econômica, indicador que mede a concentração de renda e varia de 0 (máxima igualdade) a 1 (máxima desigualdade).

Mercado de trabalho puxando a melhora

Neri ressalta que a principal diferença em relação a períodos anteriores está na sustentação dos ganhos. “O desemprego caiu, a participação no mercado de trabalho aumentou, a educação avançou, os salários por ano de estudo cresceram. Não é um único fator, mas um conjunto de motores puxando a melhoria, como um carro subindo a montanha com tração nas quatro rodas.”

Para ele, a “tração nas quatro rodas” se reflete na queda do desemprego, aumento da participação no mercado de trabalho, melhoria na educação e valorização do salário por ano de estudo. “Até uma jornada de trabalho, que caiu um pouco, é um sinal positivo: as pessoas estão trabalhando menos horas para ganhar mais — isso é produtividade e dignidade.”

Para o economista, as características vão além dos programas de transferência de renda — embora reconheça seu papel específico. “O Bolsa Família e o BPC [Benefício de Prestação Continuada] são importantes, mas o que dá sustentabilidade a esse movimento é o mercado de trabalho. Quando a renda do trabalho cresce na base, você constrói um piso social mais resistente a choques.”

Para ele, o fato de a renda do trabalho explicar boa parte da elevação de renda dá mais robustez ao movimento: “É mais sustentável do que se fosse apenas fruto de programas emergenciais. O Bolsa Família ajuda, mas o mercado de trabalho garante permanência.”

Nordeste lidera a retomada

Um dos pontos mais enfatizados por Neri é a regionalidade do avanço: “O Nordeste, onde a concentração de programas como Bolsa Família e BPC é maior, foi a região onde a renda mais cresceu em 2024. Isso não é coincidência — é evidência de que políticas públicas bem focalizadas geram impacto real.”

Ele rejeitou a narrativa de que o avanço seria apenas “efeito conjuntural” ou “herança da economia global”. “Temos choques externos — tarifas, juros altos — e mesmo assim o mercado de trabalho brasileiro responde com inclusão. Isso mostra robustez. E quando você combina políticas sociais com recuperação do emprego e valorização da educação, cria um ciclo virtuoso: mais renda na base gera mais consumo, que gera mais emprego, que gera mais renda.”

O pesquisador destaca, contudo, que políticas sociais seguem decisivas. “Não há um fator único, mas sim vários. A educação, os programas sociais e a melhora do mercado de trabalho atuaram juntos.

Neri lembra que cerca de 2,5 pontos percentuais do crescimento de 9,8% da renda dos mais pobres vêm do efeito da educação.

O papel do Cadastro Único

O pesquisador avalia que a modernização do Cadastro Único — hoje integrado automaticamente ao CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), que traz dados de renda formal, contribuições e benefícios — é parte central desse processo. Antes, dependia-se da autodeclaração — agora, cruzam-se bases, reduz-se fraudes e aumentam as soluções.

“O CadÚnico não é apenas uma base de dados, mas uma plataforma de atuação. Ele permite localizar a pobreza com nome e endereço e direcionar melhor as políticas públicas.”

Apesar da melhora expressiva, Neri adverte que o combate à pobreza está apenas no começo. “Sair da pobreza extrema é o primeiro passo — não o último. Essas famílias ainda são vulneráveis ​​a crises, inflação, desemprego. Precisamos consolidar esse ganho com políticas estruturais: educação de qualidade, qualificação profissional, acesso a crédito e estímulo ao empreendedorismo.”

Ele lembra que, mesmo em meio ao crescimento, o Brasil ainda convive com 19,56 milhões de famílias em situação de pobreza — e outros 22 milhões na faixa de baixa renda (até meio salário mínimo per capita).

Ele destaca ainda o impacto do Procad/Suas — programa que levou entrevistas domiciliares a quase 5 mil municípios — e a nova exigência de visita presencial para famílias unipessoais entrarem no Bolsa Família. “Houve uma queda de 39% nesse grupo — o que mostra que estamos combatendo distorções com eficiência, sem perder o foco nos mais vulneráveis.” Segundo o pesquisador, a mudança metodológica que exige entrevistas domiciliares pode ter inibido cadastros artificiais, mas é preciso atenção para que não haja exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Comparação com 2003-2014: “Estamos indo mais rápido”

Neri arriscou uma comparação histórica: “O boom social dos governos Lula e Dilma foi extraordinário — mas os dados sugerem que, desta vez, estamos avançando em ritmo ainda mais acelerado. Em menos tempo, obtemos resultados mais profundos, com maior sustentabilidade, porque o mercado de trabalho está puxando junto.”

Para ele, o segredo está na combinação de três pilares:

  1. Políticas sociais robustas e bem focalizadas (Bolsa Família, BPC);
  2. Recuperação estrutural do emprego e do rendimento do trabalho;
  3. Modernização da gestão pública (CadÚnico, integração de bases, visitas domiciliares).

“Estamos colhendo resultados importantes em pouco tempo. Provavelmente boas sementes foram plantadas antes. O Brasil vive uma excelente colheita de resultados sociais. Mas não é hora de relaxar, é hora de redobrar a atenção para garantir que esses avanços sejam permanentes”, conclui Neri.

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