Início Notícias ‘O que se busca não é anistia, é impunidade’, diz jurista sobre golpistas do 8 de janeiro
Notícias

‘O que se busca não é anistia, é impunidade’, diz jurista sobre golpistas do 8 de janeiro

IA -SEEB Santos e Região

3 de setembro de 2025

Na semana em que a Lei de Anistia de 1979 completa 46 anos, o debate sobre seu papel histórico volta à tona em meio à tentativa de parlamentares de conceder anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para o jurista Marcelo Uchôa, doutor em Direito Constitucional e conselheiro da Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a comparação entre os dois processos é “absolutamente contraditória”.

“Anistia é um conceito que deve se aplicar a quem é perseguido injustamente, e não a quem persegue. E o que hoje se busca no Brasil não é propriamente a anistia. O que hoje busca-se no Brasil é a impunidade”, afirma o especialista.

Ele lembra que em 1979 houve pressão popular, da imprensa e de setores religiosos para que presos políticos fossem libertados e os exilados pudessem retornar. “Naquela época, se buscou uma anistia para garantir a liberdade, o retorno à democracia. Dessa vez, as pessoas querem anistiar aqueles que atentaram contra a democracia. É absolutamente contraditório e inverso o sentido do que se busca hoje”, destaca.

O jurista classifica a atual proposta como um “PL da impunidade”. Ele lembra que a lei de 1979, no entanto, também blindou militares responsáveis por crimes da ditadura. Essa impunidade, na sua avaliação, tem relação direta com a tentativa de golpe recente. “Foi o fato da lei de anistia de 79, que foi uma vitória popular, de certa maneira, ter imunizado aqueles militares que cometeram os crimes de lesa humanidade e contra os direitos humanos naquela época, os mesmos que em janeiro de 2023 tentaram a trama golpista”, diz.

Para Uchôa, isso acontece porque a falta de punição adequada incentiva novas violações. “Uma não punição adequada faz com que as pessoas, com o tempo, se esqueçam da gravidade dos crimes cometidos. Por isso tem que ter a punição, porque também tem a ver com a lembrança que nunca mais aconteça uma tentativa de golpe, uma ditadura como aconteceu”, explica.

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (2/9) o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e militares acusados de tentativa de golpe de Estado. Para o jurista, as provas contra os réus são consistentes, portanto, a chance de absolvição é “mínima”. “A pena tem que ser exemplar, porque cabe ao Judiciário Nacional deixar bem claro que atentar contra a democracia brasileira é um crime de lesa pátria, como também é um crime atentar contra a soberania, que está sob investigação e que será depois apurado”, defende.

O conselheiro também classifica as ações recentes do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) no exterior, em articulação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como uma continuidade da tentativa de golpe. Para ele, trata-se de uma postura “antipatriótica”. “Estamos vendo agora uma segunda fase dessa tentativa de golpe, que é Eduardo Bolsonaro no exterior tentando impor sanções contra o governo brasileiro, agindo de forma antipatriótica para obrigar a Justiça a garantir a soltura do pai, que é o protagonista, o principal autor de todas essas acusações”, critica.

Compartilhe

Mais resultados...

Generic selectors
Apenas pesquisar exatas
Pesquisar no título
Pesquisar no conteúdo
Post Type Selectors

Receba notícias de interesse da categoria!

Informação confiável é no Sindicato, cadastre-se para receber informações!

O SEEB Santos e Região foi fundado em 11/01/1933. As cidades da base são: Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos, Cubatão, Guarujá e Bertioga. O Sindicato é filiado à Intersindical e a Federação Sindical Mundial (FSM).

 Política de Privacidade

  ACESSAR EMAIL

Fale Conosco